O que seria apenas mais uma corrida terminou em desespero, ameaças de morte e violência. Uma motorista de aplicativo viveu momentos de terror na noite do último domingo (21/12), ao aceitar uma corrida solicitada fora da plataforma oficial. Ela permaneceu durante quatro horas nas mãos de dois criminosos armados.
Segundo o relato da vítima, tudo começou por volta das 18h, quando uma senhora, que ela não soube identificar, entrou em contato via WhatsApp pedindo uma corrida para dois supostos filhos, que estariam no Itapoã, com destino a um bar, em Sobradinho. A localização foi enviada pelo aplicativo de mensagens.
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Ao chegar ao ponto indicado, próximo a uma padaria, a motorista parou na esquina e acionou o pisca-alerta para. Em poucos segundos, dois homens entraram rapidamente no banco traseiro do Fiat Uno, dizendo ser os filhos da solicitante. Um deles vestia camisa azul clara, bermuda e carregava uma mochila; o outro não teve as roupas identificadas.
Coração apertado
Mesmo desconfiada da situação, a motorista iniciou a corrida. Com o coração apertado e sentindo que algo estava errado, ela conseguiu compartilhar sua localização em tempo real com uma amiga, também motorista de app.
O clima de tensão aumentou quando, já próximo ao Posto Flamingo, no trajeto para Sobradinho, um dos homens pediu que a motorista parasse o carro para “fazer xixi”. Assim que o veículo encostou, o passageiro que permaneceu dentro do carro aplicou um golpe de “gravata”, tapou a boca da vítima e fez a ameaça que gelou seu sangue: “Se você continuar gritando eu vou te matar.”
Em estado de choque, a motorista ouviu ainda os criminosos tentarem justificar a violência: “Não queremos matar ninguém, só estamos fazendo o nosso corre”. Com extrema brutalidade, os assaltantes amarraram as mãos da vítima com “enforca-gatos” e a colocaram no banco do carona. Em seguida, exigiram que ela os orientasse no caminho de volta ao Itapoã. Durante o trajeto, chegaram a ameaçar colocar um “remédio” em sua boca, aumentando ainda mais o pânico, embora isso não tenha sido feito.
Abandonada em vicinal
A vítima relatou que os dois criminosos passaram a discutir entre si dentro do carro. Um deles demonstrava nervosismo e pressa, enquanto o outro tentava aparentar calma, dizendo estar “do lado da vítima”. Em meio ao terror, ela ouviu os homens afirmarem que a levariam para um local conhecido como “Carioca” e que o veículo seria levado para o Paraguai.
Sob coação, a motorista foi obrigada a desbloquear o aplicativo do banco, onde os criminosos realizaram transferências via Pix. Ela ouviu claramente quando disseram: “Vamos mandar para o laranja”. A vítima informou que não sabe o valor exato transferido, mas que possuía apenas R$ 208 na conta.
O pesadelo só teve uma pausa quando os criminosos levaram a motorista até uma estrada de terra, nas imediações do Forte Marechal Rondon. Lá, ela foi amarrada com “enforca-gato” a uma cerca e abandonada no escuro, sozinha e em completo estado de choque.
Prisão de receptadores
Demonstrando força e coragem, a vítima conseguiu, após algum tempo, se soltar da cerca e romper as amarras dos punhos. Desesperada, caminhou até a pista, onde pediu ajuda a um motoboy, que a socorreu e a levou até o Forte Marechal Rondon.
No local, um soldado do Exército acionou a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que conduziu a motorista até a delegacia para o registro da ocorrência. Ja nesta terça-feira (23/12), o carro da vítima foi localizado pela PMDF, que prendeu dois homens e uma mulher, na região do Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN). Todos foram levados para a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) onde foram autuados em flagrante por receptação.
