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    Vereador comete gafe e chama político morto para homenagem ao vivo

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    O vereador Luisinho do Espigão (PSDB-RS) protagonizou uma gafe ao convidar o ex-governador Leonel de Moura Brizola para participar de uma homenagem durante a 82ª sessão na Câmara Municipal de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, realizada no último dia 18 de dezembro. O problema é que Brizola não poderia comparecer, já que morreu em 2004, há mais de 20 anos.

    Na ocasião, o parlamentar presidia a sessão e anunciava a entrega de uma moção à Escola Técnica de Agricultura (ETA) Leonel de Moura Brizola, em comemoração aos 115 anos da instituição. Ao mencionar o nome da escola, ele se confundiu e pediu que outro vereador recebesse o ex-governador, como se ele estivesse presente.

    “Peço ao vereador Jonas que possa receber o senhor Leonel”, disse Luisinho. Alguns segundos depois, diante do silêncio no plenário, ele insistiu no chamado: “Senhor Leonel de Moura Brizola se encontra na Casa? Convido o senhor a participar da mesa.”

    Na sequência, o vereador Jonas Rodrigues (PL-RS) recebeu um representante da escola técnica e o conduziu até a Mesa Diretora para acompanhar a fala do autor da homenagem, vereador Marco Borrega (PDT-RS).

    O que diz o vereador

    Em nota enviada ao Metrópoles, o vereador justificou a confusão dizendo que a sessão, que era presidida por ele, “ocorreu em um momento atípico”, já que o então presidente da Câmara, Rodrigo Pox (Podemos-RS), havia assumido interinamente a Prefeitura de Viamão por determinação da Justiça.

    “Diante disso, assumi a presidência desta Casa Legislativa naquele momento, passando a conduzir os trabalhos da Mesa Diretora. Em razão da condução excepcional da sessão e do grande número de homenagens previstas na ordem do dia, acabei, por equívoco de natureza estritamente protocolar, mencionando apenas o nome do saudoso líder trabalhista, quando o correto seria chamar o representante da instituição de ensino homenageada”, esclareceu.

    Ainda segundo Luisinho do Espigão, “todos sabemos quem foi Leonel de Moura Brizola e reconhecemos sua inestimável contribuição à política do Rio Grande do Sul e do Brasil, líder histórico que nos deixou em 2004.”

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    Quem foi Leonel de Moura Brizola

    Nascido em Carazinho, no Norte do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola tornou-se um dos principais líderes do trabalhismo no país. Filho de pequenos agricultores, perdeu o pai ainda bebê e teve a infância marcada por dificuldades. Alfabetizado pela mãe, estudou em diferentes cidades até mudar-se para Porto Alegre, onde cursou Engenharia Civil e teve os primeiros contatos com a política ligada ao getulismo.

    Brizola foi eleito deputado estadual em 1946, deputado federal em 1954 e ganhou projeção nacional ao liderar, em 1961, a Campanha da Legalidade, que defendeu a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. Cassado pela ditadura militar em 1964, viveu no exílio e retornou à vida política com a redemocratização.

    Foi governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, tornando-se o único político eleito para administrar dois estados diferentes. No Rio, deixou como marca os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), conhecidos como “Brizolões”, dentro de uma agenda de defesa da educação integral.

    Brizola disputou a Presidência em 1989 e 1994 e foi candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1998. Morreu em 21 de junho de 2004, aos 82 anos, no Rio de Janeiro, vítima de insuficiência pulmonar seguida de infarto. Foi velado no Rio e em Porto Alegre e sepultado em São Borja, ao lado de Getúlio Vargas e João Goulart.