O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira (9/12) que a entrada do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não é possível no atual cenário geopolítico. Em declaração ao site ucraniano Strana, ele disse ser “realista” quanto à resistência de aliados ocidentais e ao veto permanente da Rússia.
“Somos realistas. Queremos mesmo entrar na Otan, isso é justo. Mas sabemos com certeza que nem os EUA nem vários outros países veem a Ucrânia na aliança ainda. E a Rússia, claro, nunca nos verá lá”, afirmou Zelensky.
As declarações ocorreram no mesmo dia em que o mandatário afirmou estar pronto para realizar eleições nacionais, desde que sejam garantidas condições jurídicas e de segurança para a participação de todos os eleitores, incluindo militares mobilizados pela guerra.
Segundo ele, o país precisaria modificar a legislação eleitoral e assegurar mecanismos que permitam o voto dos soldados no front.
O governo ucraniano reitera que a realização de um pleito seguro depende dessas duas condições — mudanças legais e segurança — inviáveis no atual contexto de guerra e de vigência da lei marcial.
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Gabinete Presidencial da Ucrânia
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Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky
Arte Metrópoles/Carla Sena
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Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Toby Melville – WPA/Getty Images
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Lei marcial
Os poderes presidenciais de Zelensky expiraram no ano passado, mas o país adiou o pleito devido ao conflito.
A lei marcial na Ucrânia concede poderes ampliados ao Executivo e às Forças Armadas durante a invasão russa, restringindo direitos civis e permitindo medidas excepcionais de defesa.
Além do debate sobre eleições, Zelensky disse que a Ucrânia apresentará aos Estados Unidos, já nesta quarta-feira (10/12), uma versão atualizada da sua proposta de paz. Ele explicou que o texto foi revisado em Londres, após reuniões com líderes de Reino Unido, França e Alemanha.
Segundo o presidente, três documentos estão em discussão com parceiros ocidentais: uma estrutura de 20 pontos que segue em evolução; um acordo de garantias de segurança; e um plano para a reconstrução do país — etapa que, segundo ele, só poderá avançar após o fim da guerra ou com um cessar-fogo garantido. Zelensky reiterou que Kiev não pretende ceder territórios ocupados pela Rússia.
