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    Jordão: Há 26 anos o município é comandado por duas famílias

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    O município de Jordão, localizada no interior do Estado, festejou no dia 28 de abril seu vigésimo sexto aniversário. Durante estes 26 anos, este recanto de terra brasileira vive a política do café com leite, igualmente como viveu o Brasil nas três primeiras décadas do século XX, com uma pequena peculiaridade.

    Após a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, os cafeicultores , de São Paulo, e os fazendeiros, de Minas Gerias, se revezaram no comando do País. Esse modo de governar ficou conhecido como a república velha ou política do café com leite. Até o pacto ser quebrado em 1930 na eleição de Júlio Prestes (SP) contra Getúlio Vargas (RS). Prestes, o candidato da Oligarquia paulista venceu, mas não assumiu devido a revolução de trinta que levou o gaúcho ao poder.

    A história jordanense é parecida com a política que predominou a política nacional lá no início do século passado, como sua peculiaridade, como frisado no primeiro parágrafo. No dia 28 de abril de 1992, oito vilas foram elevadas a categoria de município no governo de Edmundo Pinto, dentre os quais Jordão. É a partir dessa emancipação política que começa a vigorar a política familiar na cidade, que defino como política do café com leite.

    Antes de vir a ser município, duas famílias já ditava as regras sobre essa terra: os Farias e Melos, patrões dos seringueiros jordanenses. A pacata cidade ganhou novos status, contudo, eles permanecem dando as cartas.

    O primeiro prefeito de Jordão foi Hilário de Holanda Melo (1993/96). Depois assumiu Esperidião Júnior tendo como vice-prefeito Turiano Farias. Com a cassação do titular, Turiano assumiu o município, ficando no cargo até 2004. A peculiaridade entre a história local e a nacional ocorre porque estas famílias no início eram adversárias até 2008, final do segundo mandato de Hilário Melo. Mesmo assim vinham se revezando no executivo.

    Em 2008, Melos e Farias uniram-se na disputa do poder. O primeiro chefe do executivo venceu mais uma vez, desta vez com um [ Élson] Farias na chapa na qualidade de vice, posteriormente foi eleito e reeleito prefeito.

    A política familiar jordanense não detém apenas o controle do executivo, no legislativo essa força também impera. Na primeira gestão de “Seu Melo” como é conhecido o homem que mais tempo ocupou a chefia do executivo local, sua esposa Lucimar Figueiredo foi presidente da Câmara (1993/940), no segundo mandato Melo teve como presidente do legislativo seu cunhado Ademir Batista, que hoje é vice de Élson. Turiano também teve o sobrinho Auton Farias na presidência da Câmara quando assumiu em 1999. 

    O prefeito Élson não pode se queixar dessa falta de sorte, sua cunhada Meire Sérgio é a presidente da Câmara na atualidade.

    Assim constitui-se a governança local: os Melos juntos com o Figueiredos formam uma única família (hoje) sanguínea e política, aliados aos Farias que através de Élson agregou-se aos Sérgios, formando uma grande aliança para governar a cidade. Fora dessa órbita familiar só comanda o executivo via milagre.

    Por Leandro Matthaus