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    UMA SEMANA SANTA SEM COMPAIXÃO

    Por

    Por Chagas Batista*

    Nesta semana que celebramos a morte e ressurreição de Jesus Cristo, será a semana mais dolorosa da nossa história. Famílias choram seus mortos, outras, choram com fome juntos com seus filhos.

    Com quase 4 mil mortes por dia, o Brasil lidera a tragédia de uma competição que os brasileiros não gostariam de ganhar. Nosso país envergonha e assusta o mundo. Em Tarauacá sofremos as enchentes e suas consequências, a dengue, o coronavirus e a fome.

    Com os cuidados que preciso ter, de vez em quando, me pego visitando um bairro carente ou uma família enlutada, sofro, me sinto impotente e choro sem deixar cair lágrimas. O nosso povo está sofrendo como nunca. Será que a profecia do padre Silvestre está se cumprindo?

    Ontem visitei duas famílias enlutadas. Em uma delas, muita gente chorava. Já era 13 horas e ninguém tinha almoçado. Um membro da família me chamou para olhar a velha geladeira, (foto do post) um vaso com umas pimetinhas e umas palhas de cebola e outros dois vasos com água barrenta para beber. Essas famílias reclamam que nunca receberam cestas básicas da prefeitura.

    Essa é a realidade cruenta do nosso povo. Além de chorar seus entes queridos, sofrem com fome e humilhações. Hoje sexta-feira da paixão, fica registrado como uma sexta-feira sem compaixão do poder públicos aos pobres. Tempo em que, um dia de trabalho no pesado, compra um dois quilos de peixe ou um quilo de carne.

    Em Tarauacá já houve o tempo em que mesmo vivendo uma situação de normalidade, na semana Santa, o prefeito fazia cestas básicas para doar às famílias carentes. Milho, leite condensado, coco ( MUNGUNZÁ), sardinha pão e café. Hoje essa solidariedade não existe na prefeitura.

    Seria mais digno esse gesto de compaixão às famílias que estão passando fome do que ficar uma multidão, uma semana inteira, numa praça plantando flores e construindo miniaturas de casinhas, que não sabemos para quê. As flores podem esperar para depois, a fome tem pressa. Lamentavelmente, a maioria dos políticos que elegemos, do alto dos seus privilégios, nem pão oferecem mais, só circo.

     Vejo que muita gente se cala diante do estado de calamidade que vivemos. Eu não, falo com exemplo de quem sempre lutou pela solidariedade e os direitos de quem mais precisa. Não tenho ganância por dinheiro e poder. Falo com a autorização do povo que me deu na última eleição 4.500 votos. 4.488 (para ser preciso) isso fora os mais de 200 errados que foram a legenda do partido. Esses votos me foram confiados numa campanha e pré campanha de apenas 60 dias. Todos sabem porque sai candidato de última hora. Esses votos confiados a mim, não foram porque sou bonito, porque nunca fui, não foi porque menti para enganar o povo durante a campanha, sempre fui sacrificado em eleições porque não tenho coragem de vender ilusões e falsas promessas para o nosso sofrido povo. Não foi comprando consciências, até porque nunca respondi processo por compra de votos. Por isso , me sinto no direito de não me calar diante das injustiças.

    * Batista é ex-vereador, ex-vice-prefeito de Tarauacá, líder sindical