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    Análise: Vasco faz seus melhores 45 minutos no ano, e conexão com a torcida mostra que acesso é possível

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    Fernando Diniz disse que o desempenho contra o Goiás foi o melhor nos quatro jogos em que comandou o Vasco. Sim, verdade. Mas também é fato que a atuação no primeiro tempo, que abriu caminho para ganhar de um dos melhores times da Série B e rival direto pelo acesso, virou a mais completa do ano. Superior até aos 45 minutos iniciais do 3 a 1 diante do Flamengo pelo Carioca, ainda na época de Marcelo Cabo.

    O 2 a 0 em São Januário reforçou virtudes de um trabalho técnico e tático que apresentou resultado em tão pouco tempo, mas também mostrou novidades lançadas pelo treinador, como a formação com dois volantes. Claro que a pressão sofrida na etapa final deixa o alerta de que ainda é preciso evoluir, mas o futebol jogado e a conexão com a torcida mostraram que estar na Série A em 2022 voltou a ser possível.

    Diferentemente do que fez nas três partidas anteriores, Diniz escalou o Vasco com Andrey e Bruno Gomes. Para ter os dois volantes, o técnico sacou o atacante Léo Jabá. A novidade resultou em Nenê como companheiro de Cano no ataque e Marquinhos Gabriel e Morato atuando pelos lados.

    O trabalho de Diniz é único pois há uma intensa movimentação dos homens de frente. Lisca, que pediu demissão em meio a uma crise que colocou a volta para a elite em risco, não conseguiu fazê-lo.

    Exemplo: Bruno Gomes, talvez o melhor até o intervalo, recuou várias vezes para fazer a saída de três. Desta forma, os zagueiros abriam, os laterais avançavam e se criavam as condições para o time ter superioridade numérica, explorar os corredores e, com infiltrações de Morato, Marquinhos Gabriel e Nenê, envolver o Goiás.

    O primeiro gol saiu assim. Mas foi Andrey quem recuou para fazer a saída. Leandro Castan avançou, tocou para Bruno Gomes no meio, que, com um toque de primeira, serviu Marquinhos Gabriel. O meia conduziu e lançou Riquelme no fundo. O cruzamento certeiro achou Morato, que cabeceou bonito: 1 a 0.

    Foi uma bela maneira de traduzir a superioridade em gol. Até o intervalo, o Vasco mandou no jogo. Controlou o rival. Teve 13 finalizações contra duas do Goiás, uma delas na trave. O único susto de Vanderlei. A marcação adiantada e a rapidíssima recomposição defensiva ajudaram o time a quase sempre estar com a bola ou retomar a posse. Foi um domínio e tanto. Turbinado pelos pouco mais de 3 mil espectadores presentes.

    No segundo tempo, o Vasco fez gol cedo. Gabriel Pec, igualmente de cabeça, aproveitou belo cruzamento de Nenê. Com o 2 a 0 adverso, o Goiás arriscou. Adiantou o time e, aos poucos, passou a ameaçar com chutes de fora da área e cruzamentos.

    Àquela altura, o Vasco tinha voltado à formação mais usada por Diniz. Andrey, que completou 150 jogos, sentiu dores na coxa direita e deu lugar a Pec. Sem conseguir manter a posse e fazer a mesma marcação, o Vasco optou por recuar e explorar o contragolpe. Aqui faltou saber usar este expediente. Faltou velocidade. Jabá, ao entrar, não rendeu. Faltou também saber trocar passes para esfriar o ímpeto rival.

    Desta forma, o Goiás equilibrou a disputa e teve momentos de superioridade. Não conseguiu a chance clara. O Vasco se adaptou ao o que o jogo oferecia e teve da arquibancada o apoio para manter a vantagem. A torcida, que promoveu aglomerações, jogou junto.

    Com Diniz, o Vasco fez gol em todos os jogos. E não sofreu nos último dois. Sempre comandou o placar. E agora está quatro pontos atrás do G-4 – falta o complemento da rodada. Faltando 11 rodadas, tem de manter o nível e os resultados para recuperar o terreno perdido e continuar sonhando com o regresso à elite nacional.