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    Indígenas do Acre vão lançar primeiro perfume nativo do mundo com apoio de iniciativa privada

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    Por Sandra Assunção/AC 24 Horas /Fotos: Bruno Paulo

    Localizado no extremo oeste do estado do Acre, o Vale do Juruá – região que agrega cinco municípios – reserva uma variedade ímpar do bioma amazônico, com potencial para atingir inúmeros setores, inclusive a indústria da beleza, que deve passar gerar riqueza e proteger a floresta e seus povos tradicionais.

    Com a proposta de concretizar o sonho da bioeconomia sustentável, nasce a Green Juruá Valley, que em parceria com a JL Paula Jr. Design e quatro comunidades indígenas, quer difundir os conhecimentos e saberes dos povos tradicionais do Acre, expandindo-os para o Brasil e para o mundo em forma de perfumes.

    A estratégia comercial que está sendo implantada nesse projeto inclui parceria com os principais players do varejo global da perfumaria, principalmente da França, Itália, e dos países que compõem o Fundo Amazônia – Alemanha e Noruega -, que seguem a regulamentação estabelecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelos órgãos oficiais brasileiros do setor.

    “Os não índios e a cultura, saberes e tradição dos povos indígenas, juntos, podem potencializar a bioeconomia, para ampliar a renda e preservar o meio ambiente no bioma amazônico”, afirma Ilderlei Cordeiro, empresário local e sócio da Green Juruá Valley.

    Essências e saberes – Concebido e sendo desenvolvido há quatro anos, o projeto começou com reuniões nas Terras Indígenas, pesquisas e escolha das fragrâncias, confecção das embalagens e elaboração dos perfumes. Em janeiro de 2022, cada etnia recebeu de volta a suas comunidades as essências das quais têm conhecimento secular em forma de perfumes, que vão estar em breve nas melhores prateleiras do ramo.

    As fragrâncias foram criadas a partir de plantas escolhidas pelos indígenas, cheiros que fazem parte do conhecimento ancestral dos povos originários, como tucundi, copaíba, aroeira, bálsamo, breu-branco. A previsão é que os perfumes sejam lançados ainda no primeiro semestre de 2022.

    Neste primeiro momento, serão produzidas 500 unidades de perfume de cada etnia, 250 masculinos e 250 femininos. Cada um deverá ser comercializado por cerca de 100 a 120 euros, em diferentes países. Também serão vendidos nas comunidades envolvidas no projeto, como: os Ashaninka do Rio Amônia, em Marechal Thumaturgo; os Puyanawa do Barão, em Mâncio Lima; os Shawandawa, do rio Cruzeiro do Vale, em Porto Walter; e os Yawanawa do rio Gregório, em Tarauacá.