O melhor seria não dar bola para o presidente que infernizou a vida do país durante quatro anos. Afinal, o que esperar dele até 31 de dezembro? Uma palavra de arrependimento? Um gesto nobre para se contrapor à sordidez de todos os gestos anteriores?
Bolsonaro não seria quem é se tivesse essa preocupação. Ele se dará por satisfeito se for lembrado por seus fanáticos seguidores, uma parcela modesta dos que votaram nele. A grande maioria que digitou seu número nas urnas o fez por se recusar a votar em Lula.
A recíproca é verdadeira. Uma fatia expressiva dos que votaram em Lula desejava em primeiro lugar livrar-se de Bolsonaro. Lula ganhou pela estreita diferença de 2 milhões de votos. O maior desafio que tem agora é consolidar sua vitória. Ele sabe disso.
É para impedir que isso aconteça, ou retardar o processo, que Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, se uniram na iniciativa afoita, descabida e inócua de pedir ao Tribunal Superior Eleitoral que anule os votos no segundo turno de 250 mil urnas.