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    Aleac promove audiência pública para debater eventos extremos do Rio Acre como cheias e secas severas

    Por Assessoria

    A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou nesta quinta-feira (25), através de solicitação da Mesa Diretora, audiência pública para debater a situação dos recursos hídricos do estado do Acre. 

    O objetivo da audiência é traçar metas para prevenir danos causados aos acreanos pelas enchentes e secas severas do Rio Acre que banha cidades importantes como Rio Branco, Porto Acre, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri e Assis Brasil.

    O presidente da Aleac, deputado Luiz Gonzaga (PSDB), destacou a importância de discutir meios para garantir água potável à população e se previnir de eventos extremos como cheias que afetam milhares de acreanos todos os anos. Ele agradeceu ainda a participação dos palestrantes, o professores Claudemir Mesquita e Foster Brown.

    “Em nome de todos os deputados eu agradeço a participação de todos. Agradeço ainda aos professores Claudemir e Foster pela disponibilidade. Eles entendem muito do assunto que vamos tratar aqui hoje e a palestra deles nos trará muita clareza, tenho certeza disso. Há muito tempo estamos preocupados com a situação da água potável e com o futuro da nossa população. Não podemos esperar mais, esse debate precisa ser feito agora”, disse.

    Luiz Gonzaga disse ainda que a atual situação do Rio Acre e dos igarapés do Estado é preocupante. 

    “O Rio Acre quando não enche muito, seca demais. Em 2017, por exemplo, a Estação de Tratamento teve dificuldade de captar água no Estado. Os nossos igarapés estão todos poluídos e juntos, precisamos encontrar alternativas para mudar essa triste e preocupante realidade. Precisamos garantir água para a geração futura”, complementou o parlamentar.

    O primeiro-secretário da Aleac, Nicolau Júnior, destacou a importância de se debater políticas públicas para tratar dos eventos naturais do Rio Acre.

    “O Rio Acre é a principal fonte de água potável e de irrigação de plantações em várias regiões do Acre. Cuidar do rio e seus afluentes é uma forma de cuidarmos também da saúde e economia do nosso estado”, disse Nicolau.

    Já o professor universitário e pesquisador Foster Brown argumentou que os eventos extremos climáticos no Acre obedecem a dois fatores: desmatamento e mudanças na composição da atmosfera, que reduzem as incidências de chuvas na região. “Os eventos climáticos têm um contexto social e econômico”, disse Foster Brown.

    Na oportunidade, ele ministrou uma palestra com o tema: Rio Acre: das cheias as secas extremas”, com o objetivo de fornecer informações e recomendações para o debate sobre ações ligadas às cheias e secas dos rios do Acre.

    Sobre as cheias de Rio Branco, Foster salientou que sem saber os prejuízos será muito difícil criar uma sociedade mais resiliente às cheias. Frisou ainda que é preciso que haja uma lei exigindo um diagnóstico completo dos danos e prejuízos causados por desastres/eventos extremos e pós-eventos.

    “Fizemos uma estimativa dos danos e prejuízos monetários no caso de Rio Branco causados pela cheia ocorrida em 2015. O prejuízo foi de R$ 200 a R$ 600 milhões, isso sem falar dos danos sociais e psicológicos. E em 2023, será que esses danos ultrapassam os valores que eu acabei de mencionar? Provavelmente o estrago foi maior. Nós estamos em um processo de empobrecimento silencioso no estado por causa de eventos extremos de secas e cheias. A recomendação é que haja uma lei exigindo um diagnóstico completo dos prejuízos causados pela alagação, só assim saberemos a real perda de tudo”, enfatizou.

    O geógrafo e ambientalista Claudemir Mesquita, conhecido por sua luta em defesa do Rio Acre, afirmou que as autoridades precisam ter um cuidado especial com o Rio Acre.

    “Hoje o Rio Acre é um ambiente descuidado. Nossos rios e igarapés já não pulsam num tom aceitável, os afluentes correm ‘esgoelados’ e cheios de velhas rugas. Digo isso porque as instituições e poderes criados para defendê-los, deixaram a poeira do tempo contaminá-los. Não revitalizaram o barranco, nem deixaram um plantio”, continuou o geógrafo.

    Ele finalizou seu discurso afirmando que há 148 anos o Rio Acre sentiu apenas a escassez e o descaso com suas águas e alertou que se nada for feito agora, o afluente desaparecerá.  “Nossos filhos vão passar sede e culpar a gente por não ter feito nada”.

    O presidente da Aleac finalizou a audiência pública afirmando que será elaborado um relatório sobre tudo que foi discutido no encontro e que o mesmo será enviado aos órgãos do governo do Estado e aos membros da Comissão de Meio Ambiente da casa.

    “Nós precisamos dar prosseguimento a tudo que foi debatido aqui. Ouvimos relatos importantes e precisamos dar encaminhamento a eles. É preciso que haja outros debates sobre esse tema”, finalizou Luiz Gonzaga.

    Participaram também da audiência o primeiro-secretário da Aleac, Nicolau Júnior, demais deputados, representantes da Defesa Civil, do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), da Ufac, da Secretaria de Educação, da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e também de vereadores do interior.