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    Dólar recua e fecha o mês a R$ 4,72, de olho no exterior e em sinais sobre juros no Brasil

    Por G1

    A moeda norte-americana recuou 0,05%, vendida a R$ 4,7289. No mês, acumulou perdas de 1,25%.

    O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (31), após passar boa parte da sessão oscilando entre altas e baixas, na medida em que investidores seguem na expectativa pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que acontece nesta semana.

    Segundo o blog do Valdo Cruz, a expectativa do governo é que a autarquia faça uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.) da Selic na reunião da quarta-feira. “A avaliação é que o BC tem condições, pela queda da inflação acima do previsto, de fazer a redução nesse patamar”, diz o blog. Essa será a primeira reunião com a participação dos dois diretores do BC indicados por Lula: Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino.

    Ao final da sessão, a moeda norte-americana recuou 0,05%, cotada a R$ 4,7289. Veja mais cotações.

    Na sexta-feira, o dólar teve queda de 0,58%, vendido a R$ 4,7312. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular perdas de:

    • 1,25% no mês;
    • 10,40% no ano.

    No mercado acionário, o Ibovespa subiu mais de 1% e fechou aos 121.943 pontos, com apoio das ações da Petrobras e em meio às expectativas pelo Copom.

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    O que está mexendo com os mercados?

    A sessão desta segunda-feira (31) foi de volatilidade para o dólar, com o fechamento da Ptax do fim de julho e conforme investidores aguardam a decisão de política monetária do Banco Central desta quarta-feira, que deve reduzir a Selic pela primeira vez em dois anos.

    A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

    Na agenda doméstica, o BC divulgou uma nova edição do boletim Focus. Os economistas do mercado financeiro reduziram novamente a previsão de inflação para este ano, que passou de 4,90% para 4,84%. Para 2024, a projeção de inflação do mercado financeiro caiu de 3,90% para 3,89%.

    Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a projeção do mercado financeiro permaneceu estável em 2,24% na última semana. Já para 2024, a previsão de crescimento do mercado financeiro continuou em 1,30%.

    Já a expectativa para a taxa básica de juros da economia, a Selic, permaneceu estável em 12% ao ano para o fim de 2023. Para o fim de 2024, a projeção caiu de 9,5% para 9,25% ao ano.

    No exterior, o crescimento econômico da zona do euro registrou uma leve recuperação no segundo trimestre, após a estagnação nos primeiros três meses do ano. A atividade da região continua prejudicada pelas dificuldades da Alemanha e os aumentos das taxas de juros, em um cenário de inflação elevada.

    O PIB dos 20 países da região avançou 0,3% em termos trimestrais entre abril e junho, de acordo com as primeiras estimativas da Eurostat (Agência Europeia de Estatísticas). O resultado permaneceu estagnado (0%) no primeiro trimestre, de acordo com os dados revisados pela Eurostat, que inicialmente havia anunciado uma queda de 0,1%.

    O endurecimento da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para lutar contra a inflação também afeta a economia, com a restrição do acesso ao crédito, o que impacta os investimentos e o consumo.

    A inflação na zona do euro caiu ainda mais em julho e a maioria das medidas de crescimento dos preços subjacentes também diminuiu, em um sinal bastante reconfortante para o BCE. Os preços ao consumidor cresceram 5,3% neste mês na base anual, contra 5,5% em junho, ampliando a tendência de queda.

    Excluindo energia e alimentos não processados, os preços subiram 6,6%, após alta de 6,8% no mês anterior.

    Embora isso ainda esteja muito longe da meta de 2% do BCE, a leitura pode ajudar as autoridades a argumentar que a inflação na zona do euro está em uma trajetória descendente clara, embora suave, e eles podem se dar ao luxo de pular um aumento dos juros pelo menos na próxima reunião.

    “Os dados mais recentes têm sido consistentes com a tendência de desinflação”, disse Frederik Ducrozet, chefe de pesquisa macroeconômica da Pictet Wealth Management à agência Reuters.

    A atividade industrial da China contraiu pelo quarto mês consecutivo em julho, enquanto os setores de serviços e construção oscilaram à beira da contração, mostraram pesquisas oficiais nesta segunda-feira, ameaçando as perspectivas de crescimento para o terceiro trimestre.

    A atividade do setor de construção foi em julho a mais fraca desde que as interrupções no local de trabalho relacionadas à Covid-19 foram encerradas por volta de fevereiro, mostraram dados da Agência Nacional de Estatísticas.

    A segunda maior economia do mundo cresceu em um ritmo lento no segundo trimestre, já que a demanda permaneceu fraca no país e no exterior, levando o Politburo – órgão decisório do Partido Comunista – a descrever a recuperação econômica como “tortuosa”.

    O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial da indústria subiu para 49,3 em julho, de 49,0 em junho, mas ainda ficou abaixo da marca de 50 que separa expansão de contração.

    A última vez que esse indicador apontou contração por mais de três meses consecutivos foi entre maio e outubro de 2019, antes da pandemia, sugerindo que o sentimento negativo entre os gerentes de fábrica havia se tornado especialmente persistente.

    O PMI não industrial, que incorpora subíndices para as atividades de serviços e construção, caiu para 51,5 ante 53,2 em junho. O subíndice da construção, um grande empregador em meio a uma crise de desemprego mais ampla, caiu de um pico de 65,6 em março para 51,2 neste mês.

    “A queda acentuada na atividade de construção é um sinal preocupante de uma potencial espiral de morte no setor imobiliário”, disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.