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    PF tem provas que desmentem depoimento de Torres a CPI

    Por G1

    Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro disse que não viu relevância e nada fez com mapeamento de eleitores que antecedeu operações da PRF no dia do 2º turno. Evidências colhidas no inquérito que investiga o caso contradizem essa versão, segundo fontes.

    A Polícia Federal acredita ter provas que desmentem o depoimento do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, à CPI dos Atos Golpistas.

    Na terça-feira (8), Torres disse aos parlamentares que não entendeu e nada fez com o relatório, que apontava as cidades em que Lula (PT) ou Jair Bolsonaro (PL) obtiveram mais de 75% dos votos no primeiro turno da eleição.

    “O relatório apontava onde Lula e Bolsonaro tiveram mais de 75% dos votos. Não dei seguimento a este relatório. Foi uma planilha que foi feita, mas não entendi. Não vi relevância”, afirmou Torres.

    Elaborada por subordinados de Torres, a planilha mostrava as cidades em que Lula (PT) e Bolsonaro (PL) tiveram mais votos no primeiro turno. O documento contemplava todos os estados do Nordeste, onde o petista levava vantagem nas pesquisas de intenção de voto.

    No dia do segundo turno das eleições, Polícia Rodoviária Federal (PRF) – também subordinada a Torres – parou 2 mil ônibus em blitze no Nordeste, interferindo na movimentação de eleitores (para comparação, 571 ônibus foram parados no Sudeste – veja no infográfico abaixo.)

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    Torres chegou a viajar para a Bahia para se reunir com integrantes da Polícia Federal e para pedir que a corporação atuasse nas ruas junto com a PRF no dia do segundo turno.

    A PF instaurou um inquérito para investigar o caso e, na manhã desta quarta (9), prendeu o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques. A operação também cumpre 10 mandados de buscas e deve tomar o depoimento de 47 policiais rodoviários federais.

    Segundo o blog, antes mesmo da deflagração da operação, a PF já havia reunido evidências – inclusive em vídeo – sobre a elaboração do mapeamento de eleitores que complicam a situação de Torres e de outros integrantes do Ministério da Justiça na gestão Bolsonaro, como Marília Alencar, então diretora de inteligência da pasta, e do ex-diretor-geral da PF, Márcio Nunes.

    Investigadores acreditam que a revelação dessas evidências – o que pode acontecer quando o sigilo do inquérito for levantado – podem servir de estímulo a delações premiadas.