Em 2019, passou a ser reconhecido como “o hacker de Araraquara”, indicando a cidade dele e entrou no radar da Polícia Federal. De lá pra cá, foram várias passagens pela polícia.
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (2) o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter dado origem à chamada “Vaza Jato” ao invadir telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato.
O nome de Walter Delgatti Netto apareceu com mais frequência no noticiário a partir de 2019 e, antes de ganhar fama como hacker, ele teve uma passagem pela polícia em 2015, quando foi preso por falsidade ideológica ao mentir ser um delegado e que estava com armas no carro.
Dois anos depois, em 2017, foi preso por tráfico de drogas e falsificação de documentos, além de passagens por estelionato.
Em 2019, passou a ser reconhecido como “o hacker de Araraquara“, indicando a cidade dele e entrou no radar da Polícia Federal. De lá pra cá, foram várias passagens pela polícia.
- 2019 – Walter Delgatti Neto foi preso pela Polícia Federal depois de invadir as contas do aplicativo Telegram de várias autoridades. Esses diálogos foram divulgados e atribuídos a Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Operação Lava Jato, dando origem à famosa “Vaza Jato”.
- 2020 – Delgatti e Thiago Eliezer, outro hacker acusado de invadir celulares de autoriades são colocados em liberdade. Na época, o hacker de Araraquara ficou com tornozeleira eletrônica e com restrição do uso de internet.
- 2020 – No mesmo ano, o hacker disse ter sido levado por Zambelli para um encontro com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, em plena campanha eleitora. Naquele encontro, segundo o hacker, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas. Desde então, o hacker não saiu do núcleo bolsonarista.
- 2023 – Em janeiro deste ano, Delgatti voltou a entrar na mira da PF pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Na ocasião, ele disse que o falso documento foi redigido pela deputada Carla Zambelli.
A deputada Carla Zambelli postou foto de encontro com Walter Delgatti — Foto: Reprodução/Twitter
De acordo com a PF, o documento foi inserido no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça. Na época, Zambelli negou os fatos relatados por Delgatti.
- 2023 – Em junho, o hacker foi preso novamente por descumprir medidas judiciais. Ele dizia estar cuidando do site e das redes sociais da deputada Carla Zambelli e não foi encontrado nos endereços passados à Justiça. Naquela época, a prisão já preocupou o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro por conta de uma possível delação premiada.
- 2023 – Em julho ele foi solto e voltou a usar tornozeleira, mas voltou a ser preso nesta quarta-feira, 2 de agosto. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), no apartamento e no gabinete dela. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que também determinou apreender o passaporte da parlamentar e dinheiro e bens acima de R$ 10 mil.
A operação da PF
A operação desta quarta foi chamada de 3FA. Segundo a PF, o nome faz referência à “autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados”.
O nome se refere ao fato de os mandados falsos de prisão e soltura terem sido inseridos nos bancos de dados do Judiciário Federal após invasão dos sistemas, com o uso de credenciais falsas obtidas de forma ilícita.
Segundo as investigações, após invadirem o sistema, o grupo passou a ter acesso remoto aos bancos de dados. Esse acesso foi interrompido após a descoberta, e medidas foram tomadas para evitar novas invasões.
Ainda de acordo com a PF, os fatos investigados “configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica”.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a defesa de Walter Delgatti Neto confirmou a prisão do hacker, disse que “não teve acesso à decisão” e que ele está detido na Polícia Federal em Araraquara (SP).
A defesa de Carla Zambelli divulgou nota em que confirma as buscas e nega irregularidades da deputada. Leia abaixo:
“A deputada federal Carla Zambelli confirma a realização de mandados de busca e apreensão em seus endereços nesta quarta-feira. A medida foi recebida com surpresa, porque a Deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o Dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias e em nenhum momento a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades. Respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito. Por fim, a Deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência.”