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    PCC e CV podem abalar relação do Brasil com outros países, revela Abin

    Por Paulo Cappelli , do Metrópoles

    Não é de hoje que os tentáculos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV) se expandem para além das fronteiras. Um documento produzido pela Agência Brasileira de Inteligência, contudo, revela um aspecto preocupante dessa abrangência internacional. Os segredos envolvendo as duas facções criminosas, segundo a Abin, têm potencial de “impactar as relações diplomáticas do Brasil com países vizinhos”.

    O abalo ocorreria se vazadas informações, coletadas por investigadores, envolvendo a atuação de PCC e CV na rota da cocaína. A maior parte vem da Bolívia, onde a substância é considerada “mais pura”, e da Colômbia. As facções, contudo, também recorrem a outras nações da América do Sul para fazer a droga chegar ao Brasil.

    Para preservar a relação diplomática com esses países e a segurança de agentes neles infiltrados, a Abin quebrou um protocolo e passou a instaurar a política do sigilo até mesmo para os relatórios desclassificados. Isto é, para aqueles que, por força do tempo, poderiam agora se tornar públicos.

    Ao implementar a medida, a Abin ressaltou que PCC e CV atuam com a “execução planejada de agentes públicos, inclusive federais”. E, sem citar qual, disse que uma dessas organizações tem “larga envergadura e potencial econômico considerável”.

    A iniciativa da agência foi chancelada pela Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República. O órgão considerou que o vazamento das apurações “acarretaria risco à segurança dos servidores da Abin, assim como de órgãos parceiros, decorrentes do perfil de ameaça do objeto de interesse da Inteligência: organizações criminosas altamente estruturadas, cuja atuação recente é marcada pela execução planejada de agentes públicos, inclusive federais, dentre diversas outras formas de manifestação violenta”.

    “Neste caso, o sigilo específico destas informações persiste independentemente do vencimento do prazo de classificação, em observância ao princípio da Supremacia do Interesse Público”, justificou a Presidência da República.

    O Planalto informou, ainda, que o vazamento de informações sobre PCC e CV “exporia e comprometeria atividades operacionais de inteligência e meios técnicos adotados, pois o tema demanda contínuo acompanhamento por parte da Inteligência de Estado, considerando que a ação do crime organizado em todo o país representa, atualmente, uma das principais ameaças à sociedade e ao Estado brasileiros.”