“Grávida pela 11ª vez!”, diz um post da mineira Liliane Lopes com a imagem de um teste positivo compartilhada em seu Instagram em fevereiro de 2024.
Na publicação, um “breve histórico familiar”, com a data do casamento com seu marido, Jean, em 2013, do nascimento das seis filhas e das quatro perdas gestacionais.
Eles são católicos “abertos à vida”, um perfil que, em uma época em que a natalidade está em franco declínio no Brasil — e em boa parte do mundo —, tem se multiplicado nos últimos anos em diferentes grupos dentro da Igreja, a grande maioria conservadores e com identificação política com a direita.
A escolha costuma se inspirar em uma combinação entre
- o ensinamento católico de que os filhos são bênçãos e
- o princípio da providência divina, que alimenta a crença de que Deus vai se encarregar de prover a subsistência da casa.
É a ideia de que “primeiro Deus manda os filhos, depois, as condições de criar”, repetida por muitos dos adeptos que conversaram com a reportagem.
A tendência tem fomentado inclusive a organização de um mercado em torno da vida reprodutiva desses casais, com a oferta de serviços de doulas católicas, ginecologistas católicos e de métodos de planejamento familiar “lícitos”, termo usado entre os fiéis para se referirem às práticas aceitas pela religião.
Nas redes sociais, dezenas de católicos compartilham a rotina de suas famílias numerosas e as particularidades de seu estilo de vida.