Ficar sem comer ou beber por horas seguidas é a base do jejum intermitente. A Dieta Imitadora do Jejum (DIJ), no entanto, propõe um caminho diferente e promete os mesmos efeitos metabólicos do jejum tradicional, mas sem que a pessoa precise passar longos períodos em total abstinência alimentar.
A DIJ é um protocolo restritivo feito por alguns dias consecutivos, com foco em redução calórica, pouco consumo de proteínas e carboidratos e predominância de gorduras boas.
O objetivo é induzir o corpo a entrar em um estado semelhante ao do jejum (com ativação da autofagia, melhora da sensibilidade à insulina e outros benefícios metabólicos) mesmo com a ingestão de alimentos.
Segundo o nutricionista Carlos Eduardo Haluch, professor e coordenador da faculdade Uniguaçu, no Paraná, a dieta consiste em um protocolo de cinco dias com alimentos de baixo índice glicêmico e predominância de vegetais com pouco amido, oleaginosas e azeite de oliva.
“A proposta é simular os efeitos do jejum prolongado de forma mais segura e viável para a maioria das pessoas, sem exigir abstinência completa de alimentos”, explica o professor.
A nutricionista Vanessa Costa, que atua em São Paulo, acrescenta que a alimentação durante o protocolo é desenhada para que o corpo “entenda” que está em jejum, mesmo não estando de fato. “A gente reduz calorias por um curto período, com uma alimentação que ativa processos celulares como a autofagia, mas com o mínimo de restrição possível”, esclarece.
Quando a dieta é indicada?
A DIJ tem sido usada como estratégia para quem busca um “reset” metabólico ou quer iniciar um processo de emagrecimento sem adotar jejuns absolutos. Pode ser útil, também, para pessoas que não se adaptam bem ao jejum intermitente tradicional ou têm histórico de compulsão alimentar.
“Costumo indicar a DIJ para quem quer melhorar marcadores inflamatórios ou iniciar uma reeducação alimentar sem impacto comportamental tão alto”, diz Vanessa. Por outro lado, ela não recomenda o protocolo para adolescentes, atletas em treinos intensos ou pessoas com grandes demandas energéticas.
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Benefícios da dieta
Diversos estudos associam a Dieta Imitadora do Jejum à redução de gordura visceral, melhora de indicadores como glicemia e colesterol e até regeneração celular em alguns contextos. Haluch explica que a dieta ajuda na reeducação do apetite, não causa compulsão e favorece um ambiente metabólico mais eficiente.
“Ela promove benefícios como melhora da pressão arterial, redução de inflamação e, em alguns estudos, foi associada até à redução da idade biológica e à melhora da saúde imunológica”, destaca.
Os efeitos incluem ainda melhora na sensibilidade à insulina, estímulo à queima de gordura e proteção cardiovascular. “A dieta dá um descanso ao sistema digestivo sem comprometer a ingestão de nutrientes essenciais”, afirma Vanessa. Além disso, segundo ela, o protocolo ajuda a reduzir os picos de fome e melhora a relação com a comida.
Riscos e contraindicações
Apesar de parecer mais leve que o jejum absoluto, a DIJ exige cuidados. A redução calórica por dias seguidos pode provocar efeitos colaterais como dor de cabeça, fadiga ou irritabilidade, especialmente nos primeiros ciclos.
Haluch ressalta que a dieta não deve ser adotada por idosos frágeis, gestantes, lactantes, pessoas com baixo peso, histórico de distúrbios alimentares ou doenças crônicas descompensadas. “Como toda intervenção mais restritiva, ela precisa ser ajustada ao contexto clínico de cada pessoa”, alerta.
Vanessa lembra que, embora pareça segura por permitir alimentação durante o processo, a DIJ não é genérica. “Ela pode ser arriscada para quem tem hipoglicemia frequente ou toma certos medicamentos. Precisa ser feita com orientação adequada”, afirma.
Mesmo parecendo simples, toda dieta deve ser feita com orientação profissional. “O sucesso depende do planejamento e do acompanhamento. Um profissional qualificado avalia se a pessoa está apta, orienta o cardápio, interpreta os resultados e planeja o número ideal de ciclos, de acordo com o objetivo”, conclui Haluch.
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