Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha está de mudança para Belo Horizonte (MG). Pivô do impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), o ex-deputado agora viverá na capital mineira, cidade natal da ex-presidente.
Parte da família da ex-presidente continua vivendo em Belo Horizonte, a exemplo do vereador petista Pedro Rousseff, sobrinho-neto de Dilma.
Pelo menos por enquanto, é improvável que Eduardo Cunha esbarre com Dilma Rousseff pelas ruas da Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte onde ele viverá.
A ex-presidente está morando em Xangai, na China, a 18 mil quilômetros da Savassi. Desde o começo de 2023, Dilma preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), conhecido como “Banco dos Brics”.
Ao Metrópoles, Cunha diz que é “provável” que mude o endereço eleitoral para Minas Gerais, de onde poderá tentar voltar ao Congresso.
Eduardo Cunha: sinal de rede de rádios será aberto para quem quiser
Nos últimos anos, Eduardo Cunha vem montando uma rede de rádios evangélicas no estado de Minas Gerais. Até o momento, há sete CNPJs de rádios ligados a Cunha e a familiares em Minas, mas, segundo ele, só três delas estão no ar.
As três rádios se chamam Maravilha. Operam em Belo Horizonte, em Guarani (MG) e em Uberaba (MG) – esta última é direcionada ao município vizinho de Água Comprida, segundo Cunha.
De acordo com o ex-presidente, o objetivo é formar uma rede de rádios para operar no estado. “Eu abro o sinal e retransmitem”, diz ele. As rádios de Eduardo Cunha têm uma programação variada e voltada ao público evangélico.
“Rádio Maravilha FM, a sua companhia preferida de todos os dias, levando a Palavra de Deus, através de uma programação de excelência, para abençoar a sua vida!”, diz o site da rádio de Belo Horizonte.
Na programação, Eduardo Cunha aparece lendo versículos da Bíblia para os ouvintes. No Rio de Janeiro, o ex-congressista também fazia programas evangélicos em rádios.
Outras das rádios ligadas ao deputado estão no nome do genro, Daniel Cardoso Sá. Há CNPJs nos municípios mineiros de Além Paraíba, Carangola, Raul Soares e Leopoldina. Segundo Cunha, essas rádios ou não estão no ar ainda, ou não vão transmitir para Minas Gerais, e sim para o Rio.
Eduardo Cunha foi um dos principais alvos da Lava Jato
Eduardo Cunha foi um dos principais alvos da Operação Lava Jato, tendo sido denunciado pelo ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot no fim de 2015. A acusação era de ter recebido propina em contratos da Petrobras relacionados a uma operação da petroleira em Benin, na África.
O ex-deputado sempre negou irregularidades e disse que as acusações eram perseguição política contra si.
Em 2 de dezembro de 2015, Eduardo Cunha, então no MDB, aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. A decisão foi tomada no mesmo dia em que três deputados do PT anunciaram que votariam pela abertura de processo no Conselho de Ética contra Cunha.
Em maio de 2016, o Supremo Tribunal Federal afastou Eduardo Cunha da presidência da Câmara, cargo que ocupava desde fevereiro de 2015.
A situação de Cunha só viria a melhorar em 2021, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), de Curitiba (PR), revogou sua prisão. Em maio de 2023, o STF anulou a condenação de Cunha na Lava Jato, sob o argumento de que o caso deveria ter tramitado na Justiça Eleitoral, e não em Curitiba, sob o ex-juiz Sérgio Moro.
Atualmente, Eduardo Cunha está elegível, no gozo de seus direitos políticos. Ele concorreu ao cargo de deputado federal por São Paulo, pelo PTB, e teve cerca de 5 mil votos, não sendo eleito.