O Parlamento de Israel aprovou uma moção que pede a “aplicação da soberania israelense” na Cisjordânia. Na prática, a medida aprovada nesta quarta-feira (23/7) pede a anexação do território palestino ocupado ilegalmente desde a década de 1960.
A medida recebeu 71 votos favoráveis, contra 13. Ela possuí significado simbólico, e não obrigada o governo de Benjamin Netanyahu a tomar qualquer medida sobre o assunto. A moção, no entanto, aumenta a pressão política para que a anexação se torne realidade.
Desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel já ocupa partes da região palestina. A presença de assentamentos israelenses no local, contudo, é visto como ilegal pela maioria da comunidade internacional.
Parte inseparável da pátria
A moção aprovada afirma que “as regiões da Judeia, Samaria e do Vale do Jordão são parte inseparável da pátria histórica do povo judeu”, referindo-se à Cisjordânia.
O texto sustenta que, após os ataques de 7 de outubro de 2023, “há uma crescente compreensão da necessidade de uma iniciativa estratégica, moral e de segurança para garantir nosso futuro nesta terra”.
A aprovação foi comemorada por membros da ala ultranacionalista do governo, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ex-ministro das Finanças Bezalel Smotrich.
Ambos defendem abertamente a anexação total do território palestino e o enfraquecimento da Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Mahmoud Abbas.
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Controle militar
Apesar dos Acordos de Oslo, firmados nos anos 1990 para viabilizar a criação de um Estado palestino, Israel mantém controle militar direto sobre boa parte da Cisjordânia, além de checkpoints, fronteiras e restrições severas à mobilidade da população palestina.
Diversas denúncias de violações de direitos humanos são registradas na região, incluindo ataques de colonos israelenses, detenções arbitrárias e julgamentos por tribunais militares.
A medida aprovada pelo Knesset também desafia resoluções da ONU que pedem o fim da ocupação israelense e condenam a expansão dos assentamentos.
Enquanto isso, a população palestina da Cisjordânia continua a viver sob restrições severas, sem acesso a direitos civis básicos.
Esta possível anexação oficial por Israel, mesmo que simbólica atualmente, pode representar mais um entrave ao já fragilizado processo de paz e à solução de dois Estados — amplamente defendida como saída diplomática viável para o conflito.