A escritora mineira Ana Maria Gonçalves foi eleita nesta quinta-feira (10/7) para ocupar a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Com a conquista, ela se torna a primeira mulher negra a integrar a instituição em seus 127 anos de história.
A vaga era anteriormente ocupada pelo professor Evanildo Bechara, falecido em maio.
Nascida em 1970, na cidade de Ibiá (MG), Ana Maria iniciou sua carreira como publicitária em São Paulo. Em 2002, decidiu deixar a profissão e partiu para a Ilha de Itaparica, na Bahia, onde descobriu a vocação para a escrita e um cenário de inspiração para suas principais obras.
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Ela é a primeira mulher negra a integrar a ABL
A estreia na literatura veio com o livro Ao Lado e à Margem do Que Sentes Por Mim, lançado de forma independente e esgotado graças à força da narrativa e à divulgação na internet.
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Mas foi com Um Defeito de Cor que Ana Maria Gonçalves se consolidou como um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea. A obra levou cinco anos para ser finalizada: dois de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita.
Com 951 páginas, o romance é um dos mais extensos do país e acompanha a trajetória de Kehinde, menina de oito anos retirada do Reino do Daomé (atual Benin) e trazida como escrava para a Bahia.
A obra é inspirada na figura histórica de Luísa Mahin, importante liderança da Revolta dos Malês, que ocorreu no estado em 1835. O livro também ecoa a luta do filho da personagem histórica, Luiz Gama, advogado e um dos mais relevantes nomes do movimento abolicionista no Brasil.
Ao longo da carreira, Ana Maria foi escritora residente em universidades dos Estados Unidos – Tulane (2007), Stanford (2008) e Middlebury College (2009).
Em 2013, foi homenageada pelo governo brasileiro com a comenda da Ordem de Rio Branco, em reconhecimento à sua atuação na causa antirracista.
De volta ao Brasil em 2014, viveu em Salvador e São Paulo, até se fixar no Rio de Janeiro. No teatro, também deixou sua marca com peças como Tchau, Querida!, de 2016, e Chão de Pequenos, de 2017.