Há alguns anos, houve um aumento nas pesquisas sobre o enforcamento ou asfixia erótica. A prática foi retratada em filmes, como 50 Tons de Cinza e 365 Dias, e na própria pornografia. Muitas vezes relacionada ao masoquismo, ou à submissão dentro do universo BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo), ela pode ser prazerosa, mas, ao mesmo tempo, perigosa.
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Dos mais “baunilha”, que preferem algo mais suave, até os mais extremos, o fato é que o fetiche é mais comum do que se imagina. Ele envolve a aplicação de pressão no pescoço e a restrição do fluxo sanguíneo ou da respiração para “intensificar” a experiência sexual.
A coluna Pouca Vergonha conversou com o sexólogo Vitor Melo, que aponta que a prática do enforcamento no contexto da sexologia, especialmente entre os fetiches, é chamada de choking – e tem atraído muitas pessoas.
“Existem estudos que mostram que essa restrição de oxigênio, quando feita por um curto período e de maneira controlada, pode provocar o que chamamos de hipóxia leve. Ou seja, uma redução temporária na oferta de oxigênio ao cérebro. Essa condição pode causar uma descarga de dopamina e adrenalina”, explica.
O profissional destaca que a descarga é um efeito neuroquímico que intensifica, momentaneamente, a sensação de prazer. E pode ser comparado ao que acontece durante a prática de esportes radicais, em que o cérebro associa o risco à excitação.
Aumento das pesquisas
Um estudo publicado no periódico Archives of Sexual Behavior, com mais de 4.702 australianos, entre 18 e 35 anos, revelou que 57% já relataram ter sido estrangulados por um parceiro durante o sexo.
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Para Vitor Melo, o enforcamento está tendo mais adeptos porque, nos dias de hoje, as pessoas estão vivenciando mais os fetiches e experimentando mais.
“Quando nós pensamos no enforcamento durante o sexo, a gente tem dois papéis: um, que é o de quem enforca, quando ele exerce dominação; e o de quem está sendo enforcado, com um caráter de submissão total, permitindo-se chegar a esse ponto.”
Segurança em primeiro lugar
A prática está dentro do universo BDSM e envolve uma dinâmica de dominação e submissão. Por mais que, em um primeiro momento, possa parecer um fetiche extremo, assim como outras práticas do meio, ele requer cuidado e determinadas regras — além, é claro, de consentimento.
O sexólogo aponta que, apesar de não existir uma forma 100% segura para o enforcamento no sexo, a conversa é o pontapé inicial essencial para situações como essa.
“Às vezes, um toque no pescoço, de uma forma um pouco mais intensa, com a mão um pouquinho, mas pondo pressão no pescoço, e aí, se o parceiro ou a parceira gostar, ele vai permitindo que isso seja feito com um pouco mais de pressão”, recomenda.
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Riscos
Como a prática envolve uma região importante para o corpo humano, responsável pela passagem de ar, é preciso ter cuidado com a força usada e a posição em que as mãos se encontram.
“Se a prática não for feita com cuidado, ela pode acabar machucando. Desde causar um desmaio leve até levar a quadros mais graves, como uma convulsão. Por isso, é essencial haver comunicação entre o casal. Quem vai ser enforcado precisa gostar de receber isso, e quem vai enforcar precisa ter esse cuidado, de proporcionar prazer sem machucar o companheiro ou a companheira”, afirma Melo.
O profissional ainda salienta que é necessário ter esse diálogo entre o casal para ponderar questões como a força e o tempo de enforcamento. “Mas, para que a gente possa minimizar os riscos, é sempre bom, primeiro, o casal conversar. Às vezes, ter uma palavra, um gesto, um toque que sinalize: ‘para, não vamos dar sequência nisso’.”