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    Setor de alumínio espera prejuízo bilionário com tarifaço de Trump

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    Apesar de alguns de seus produtos terem sido incluídos na lista de exceções ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o prejuízo do setor de alumínio no Brasil pode superar R$ 1 bilhão em 2025. As estimativas foram divulgadas pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal).

    Ao todo, 694 produtos brasileiros escaparam do tarifaço, de acordo com a ordem executiva que oficializou a taxa de 50% sobre exportações vindas do Brasil. A informação consta de documentos divulgados pela Casa Branca, nessa quarta-feira (30/7), sobre a medida.

    Entre os produtos isentos da taxa, estão itens como suco e polpa de laranja, minérios de ferro, derivados de petróleo, castanha, carvão e peças de aeronaves civis.

    Em comunicado, o governo norte-americano alegou que a retaliação econômica é uma resposta direta ao que classificou como “políticas e ações incomuns” do governo brasileiro, que supostamente prejudicariam empresas dos EUA, cidadãos e a política externa no país.

    Entre elas, estão o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar um grupo criminoso que teria buscado um golpe de Estado no Brasil em 2022. Além disso, a Casa Branca citou decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra plataformas de mídia social norte-americanas.

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    O que diz o setor

    Segundo as projeções do setor de alumínio, o prejuízo neste ano pode chegar a até R$ 1,15 bilhão caso a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros entre mesmo em vigor no dia 6 de agosto, como está previsto.

    Fazem parte do grupo de produtos isentos a alumina – um insumo essencial para a produção de alumínio primário. Por outro lado, serão taxadas as exportações de bauxita, hidróxido de alumínio, óxido de alumínio e cimento aluminoso.

    A nova tarifa não será cumulativa à alíquota em vigor desde junho, informou a Abal. “Apesar de a não cumulatividade representar alívio parcial, os impactos diretos das medidas já são expressivos”, afirma a entidade.

    Para a Abal, cerca de um terço do total de produtos exportados pelo setor estão sujeitos à sobretaxa de 50%, “o que tornará inviável o acesso de vários produtos ao mercado americano”.

    Estados Unidos estão entre os principais destinos do alumínio

    No ano passado, os EUA foram o terceiro principal destino das exportações de alumínio do Brasil, atrás de Canadá e Noruega. As vendas dos produtos nacionais aos norte-americanos corresponderam a 14,2% das exportações do segmento e geraram US$ 773 milhões (R$ 4,3 bilhões, pela cotação atual).

    “Com a elevação para 50% da Seção 232 e ampliação do escopo tarifário da lista recíproca, os prejuízos totais ao setor poderão alcançar US$ 210 milhões (mais de R$ 1,15 bilhão), considerando os efeitos diretos já contabilizados e as estimativas para até o fim do ano”, diz a Abal.

    Com as tarifas que já estavam em vigor no primeiro semestre, as exportações de alumínio do Brasil para os EUA registraram queda de 28% entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024.

    Inicialmente, os EUA haviam imposto tarifas comerciais de 10% (até o dia 12 de março) e de 25% (de 12 de março a 3 de junho).

    “Considerando a forte integração produtiva entre os países do Atlântico, há risco de que os efeitos das tarifas se estendam a produtos não sobretaxados, devido aos desequilíbrios gerados em etapas distintas da cadeia”, alertou a entidade.

    “A ruptura da complementaridade regional pode afetar o abastecimento, redirecionar fluxos comerciais e comprometer a previsibilidade de operações industriais nos três países”, completa a Abal.