A pouco mais de um ano para as eleições de 2026, a situação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está, na opinião de aliados, cada vez mais parecida com a do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em 2024.
O nome de Tarcísio é praticamente consenso entre caciques do Centrão, que já vendem o governador como candidato da direita à Presidência da República, tanto internamento quanto em conversas com o mercado financeiro.
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Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Pablo Jacob/ Governo de São Paulo2 de 4
Ricardo Nunes
Reprodução/TV Globo 3 de 4
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes
Dentro do núcleo duro de aliados de Jair Bolsonaro, contudo, a candidatura presidencial de Tarcísio é rejeitada — como mostraram abertamente as conversas entre Eduardo Bolsonaro e o pai, citadas em relatório da Polícia Federal.
Foi a mesma situação enfrentada pelo prefeito de São Paulo há um ano. Nunes contava com apoio maciço de partidos do Centrão para tentar reeleição ao comando da capital paulista.
Antes das eleições, o prefeito emedebista chegou a participar, em abril de 2024, de um jantar com basicamente os mesmos caciques do Centrão que hoje promovem o nome de Tarcísio ao Palácio do Planalto.
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Entretanto, o entorno mais próximo de Bolsonaro chegou a flertar com a candidatura do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), sustentada em um discurso contra a política tradicional.
O próprio Bolsonaro chegou a criticar publicamente Marçal, mas não conseguiu, ao longo da campanha, esconder o distanciamento em relação a Nunes. Coube a Tarcísio a missão de alavancar a popularidade do prefeito.
A situação de Tarcísio, porém, é ainda mais complicada. Primeiro, porque o próprio Bolsonaro pode estar preso, sem permissão para gestos públicos. Nas mãos de Eduardo, o governador pode enfrentar problemas na base bolsonarista.
Além disso, se concorrer ao Planalto, Tarcísio terá um adversário bem mais forte do que Guilherme Boulos (PSol), que enfrentou Nunes: Lula, três vezes eleito presidente da República e provável candidato à reeleição.
Outra dor de cabeça é a possibilidade de enfrentar, em vez do explosivo Marçal, um adversário da direita com o sobrenome Bolsonaro: o próprio Eduardo, que cogita deixar o PL para disputar a Presidência por outro partido.
Futebol irritou
O mais recente capítulo dessa briga ocorreu na terça-feira (26/8), quando Tarcísio reuniu prefeitos paulistas para uma partida de futebol no estádio do Pacaembu, em São Paulo, tendo Gilberto Kassab (PSD) como árbitro.
A postura de Tarcísio despertou a fúria dos bolsonaristas. Especialmente dos aliados de Eduardo, que ainda sonha em se cacifar para a sucessão do pai, mesmo com lideranças do PL descartando seu nome até mesmo para o Senado.
Foi o caso do deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), fiel a Eduardo, que fez uma comparação velada entre Tarcísio e o ex-governador João Doria — que surfou no bolsonarismo e, após romper com Bolsonaro, acabou escanteado.
“Doria, Doria! Governou São Paulo, tinha alta aprovação em seu governo, uma maioria de ocasião na Alesp, jogava futebol com seus aliados e o final todos nós sabemos”, afirmou Diniz.