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    Campanha contra Silveira fará Lula segurá-lo no cargo, dizem aliados

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    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se recusa a tomar decisões, e muito menos demitir auxiliares, quando se vê diante de uma “faca no pescoço”. A máxima foi repetida por aliados próximos ouvidos pelo Metrópoles, diante da nova ofensiva do Congresso contra o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Movimento esse, avaliam petistas, que tem a digital do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

    O governo detectou, desde a última semana, um movimento de senadores contra a indicação de Pietro Mendes, secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), a uma diretoria da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Ele é ligado ao ministro Alexandre Silveira, que vive uma contenda com Alcolumbre.

    Ministros e senadores do PT consideram que o presidente do Senado quer ver o ministro de Minas e Energia fora do cargo. Nesse sentido, caso Silveira não consiga confirmar a indicação do seu secretário para a ANP, ele sairia da disputa enfraquecido. O governo trabalha para que o nome seja aprovado, mas enfrenta dificuldades no Senado. O próprio Pietro já foi à Casa falar com senadores para reverter a situação, segundo aliados.

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    Um dos argumentos levantados é o de que o PSD, partido de Silveira, já atingiu sua cota na ANP com a indicação de Artur Watt Neto para o cargo de diretor-geral. Ele é ligado ao líder da legenda no Senado, Otto Alencar.

    Segundo os auxiliares, mesmo que a campanha contra o nome de Silveira dê certo e o Planalto seja obrigado a trocar a indicação, Lula manterá seu ministro no cargo. Eles afirmam que o presidente tende a não aceitar pressões externas para tomar decisões do tipo.

    Um exemplo citado foi o de Alexandre Padilha, cuja posição de ministro de Relações Institucionais ficou precarizada diante da briga pública com o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lula ignorou a pressão do líder do Centrão e só trocou seu articulador político em fevereiro deste ano, muito depois de Hugo Motta (Republicanos-PB) já ter sido definido como sucessor no comando da Casa.

    Disputa

    Alcolumbre segurou uma série de indicações de Lula para agências reguladoras. Algumas estão há mais de um ano com diretores gerais interinos. O processo de sabatinas seguiria até 8/8, mas governistas detectaram na última semana uma ameaça da cúpula do Senado à indicação de Pietro.

    Outro fator de complicação surgiu nesta semana. A oposição tem ameaçado obstruir a Comissão de Infraestrutura, responsável pela sabatina, em reação à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O colegiado é chefiado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), nome próximo ao ex-mandatário.

    Pietro tem currículo para ocupar a vaga, ressaltam líderes do Centrão. Mas a disputa de Silveira e Alcolumbre pode inviabilizá-lo. A ideia do governo, inicialmente, era indicar o secretário para chefiar a agência, mas a dificuldade na relação com o presidente do Senado levou à indicação para uma diretoria técnica. Agora, até a nomeação para a cúpula da agência está ameaçada.

    Alcolumbre e Silveira eram aliados, e faziam uma espécie de “trinca” com o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O ministro caiu nas graças de Lula e da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Em meio ao seu ganho de poder no governo, a relação com os aliados estremeceu por motivos ainda não claros.

    Lista de indicações

    O ministro de Minas e Energia ainda tenta emplacar o seu secretário de Energia Elétrica, Gentil Nogueira de Sá Junior, para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Apesar de apadrinhado pelo ministro, Nogueira não deve enfrentar maiores dificuldades. O senado analisará 14 indicações para agências reguladoras. São elas:

    • Constituição e Justiça (CCJ)
      • ANPD: Lorena Giuberti Coutinho, diretora do conselho diretor.
    • Assuntos Sociais (CAS)
      • ANS: Wadih Nemer Damous Filho, diretor-presidente;
      • Anvisa: Leandro Pinheiro Safatle, diretor-presidente;
      • Anvisa: Daniela Marreco Cerqueira, diretora;
      • Anvisa: Thiago Lopes Cardoso Campos, diretor.
    • Educação (CE)
      • Ancine: Patrícia Barcelos, diretora.
    • Infraestrutura (CI)
      • ANP: Arthur Watt, diretor geral (MSF 82/24) e Pietro Mendes, diretor técnico;
      • ANEEL: Gentil Nogueira, diretor técnico (MSF 44/25) e Willamy Frota, diretor técnico;
      • ANM: José Fernando Gomes, diretor técnico;
      • ANSN: Alessandro Facure, diretor presidente, Ailton Fernando Dias, diretor técnico e Lorena Pozzo, diretora técnica;
      • ANAC: Tiago Faierstein, diretor presidente, Rui Chagas Mesquita, diretor técnico e Antonio Moreira, diretor técnico;
      • Antaq: Frederico Dias, diretor geral;
      • ANTT: Guilherme Theo Sampaio, diretor geral;
      • Anatel: Octavio Pieranti, diretor técnico e Edson Eugênio de Holanda, diretor técnico.