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    Eduardo Bolsonaro: “solução Tarcísio” passa longe de resolver o problema

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    Conversas entre Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro mostram o receio do filho do ex-presidente com as movimentações de Tarcísio de Freitas e com a possibilidade do governador de São Paulo ser candidato no lugar do seu pai.

    As mensagens foram listadas pela Polícia Federal no relatório em que os investigadores indiciaram o ex-presidente e Eduardo Bolsonaro por coação no âmbito do processo da trama golpista.

    A conversa entre Bolsonaro e seu filho sobre Tarcísio começa em 11 de julho, quando Eduardo envia uma publicação de uma reunião do governador de São Paulo e um integrante do governo americano para tratar do tarifaço imposto por Donald Trump.

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    Bolsonaro responde então que estava com Tarcísio em Brasília. O filho do ex-presidente manda algumas mensagens. Em uma delas, afirma: “Se quiser acessar a Casa Branca ele não conseguirá”. “Só eu e Paulo Figueiredo temos acesso”.

    Para a PF, essas mensagens indicam “a preocupação de Eduardo Bolsonaro em se colocar como o único interlocutor perante o governo estadunidense, como forma de garantir o êxito das ações criminosas de coação às autoridades brasileiras”.

    No mesmo dia, Eduardo volta a falar com o pai sobre Tarcísio e manda uma mensagem mais longa.

    Jair BolsonaroJair Bolsonaro

    “Só para te deixar ciente: Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo vc se fuder e se aquecendo para 2026”, diz o deputado.

    Eduardo continua dizendo a Bolsonaro que atuou nos EUA para “driblar” a ideia de que “Tarcísio=Bolsonaro”.

    Para Eduardo, essa ideia seria uma “clara mensagem de que os EUA não precisariam entrar nesta briga, pois com TF (Tarcísio) ou vc Trump teria um aliado na presidência do Brasil em 2027”.

    “Se o sistema enxergar no Tarcísio uma possibilidade de solução, eles não vão fazer o que estão pressionados a fazer. E pode ter certeza, uma solução Tarcísio passa longe de resolver o problema, vai apenas resolver a vida do pessoal da Faria Lima”, completou Eduardo.

    Para a PF, o contexto do “diálogo revela a estratégia deliberada de Eduardo quanto a necessidade de manter o ex-Presidente Jair Bolsonaro como candidato viável e único aliado possível dos Estados Unidos visando as eleições presidenciais de 2026.”

    Para evitar a “solução Tarcísio”, diz a PF, Eduardo “vem atuando no exterior com nítido propósito de inviabilizar, perante interlocutores estrangeiros, possíveis pré-candidatos a presidência da república vinculados ao espectro político mais à direita do cenário nacional”.