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    Estudo mostra que larvas da vespa-joia podem atrasar o envelhecimento

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    Cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, identificaram um processo natural que pode ajudar a entender melhor como o envelhecimento funciona. As larvas da vespa-joia, um inseto de brilho metálico, conseguem desacelerar o próprio ritmo biológico ao entrarem em um tipo de hibernação.

    O estudo, publicado na revista PNAS em 3 de julho, sugere que o relógio epigenético das vespas passa a funcionar mais devagar durante esse período.

    Os pesquisadores usaram a espécie Nasonia vitripennis para entender como o ambiente pode interferir no envelhecimento. Ao submeterem as mães das vespas ao frio e à escuridão, os filhotes entraram em “diapausa”, um estado de dormência temporária que ocorre ainda na fase larval.

    “É como se as vespas que fizeram uma pausa no início da vida voltassem com tempo extra no banco”, explica o professor Eamonn Mallon, do Departamento de Biologia Evolutiva da universidade, em comunicado.

    Envelhecimento mais lento

    As vespas que passaram pela diapausa viveram, em média, um terço a mais do que aquelas que se desenvolveram de forma contínua. Além disso, o envelhecimento biológico das larvas em hibernação foi 29% mais lento, segundo os cientistas.

    Essa diferença foi observada por meio do chamado relógio epigenético, uma ferramenta que mede alterações químicas no DNA ao longo da vida. O dado reforça a ideia de que o envelhecimento não é apenas uma consequência do tempo cronológico, mas também de mudanças moleculares que podem ser moduladas.

    “Isso mostra que o envelhecimento não é algo imutável, ele pode ser retardado pelo ambiente, mesmo antes do início da idade adulta”, explica Mallon.

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    Semelhanças com o corpo humano

    A vespa-joia tem um sistema de metilação do DNA funcional, algo raro entre insetos e semelhante ao que ocorre nos humanos. Por isso, ela vem se tornando um modelo interessante para estudar o envelhecimento em nível molecular.

    No experimento, a desaceleração do envelhecimento não aconteceu por acaso. Ela envolveu vias biológicas relacionadas à percepção de insulina e nutrientes, as mesmas que estão no foco de pesquisas sobre longevidade em humanos. Isso indica que, mesmo em organismos simples, os mecanismos podem ser parecidos.

    Para os pesquisadores, os resultados abrem caminho para entender como fatores ambientais nas fases iniciais da vida podem influenciar o ritmo do envelhecimento mais adiante.

    “Essa pequena vespa pode conter grandes respostas sobre como podemos dar uma pausa no envelhecimento”, conclui Mallon.

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