Altamente adaptáveis ao ambiente urbano, os escorpiões estão “tomando conta” das grandes cidades. Em artigo publicado em maio deste ano na revista Frontiers in Public Health, pesquisadores alertam para a “silenciosa e crescente crise de saúde pública no Brasil” provocada pela presença desses aracnídeos — corroborada pelo aumento no número de registros de picadas.
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No Brasil, o gênero Tityus, incluindo o Tityus serrulatus, o escorpião-amarelo, é um dos mais comuns e capaz de causar envenenamento clinicamente significativo. O aumento, conforme aponta o artigo, é impulsionado por uma interação complexa de fatores ambientais, sociais e biológicos.
“A urbanização rápida e não planejada, especialmente em áreas com infraestrutura precária, saneamento inadequado e gerenciamento inconsistente de resíduos, cria ambientes ideais para os escorpiões prosperarem. Essas condições fornecem abrigo abundante em escombros, sistemas de esgoto e dentro de casas, trazendo humanos e escorpiões para uma proximidade próxima. Além disso, as mudanças climáticas, marcadas por verões mais quentes e períodos alternados de chuvas intensas e secas, facilitam ainda mais a proliferação de populações de escorpiões, uma vez que estas criaturas são altamente adaptadas a ambientes quentes e húmidos”.
Apesar desses animais não atacarem de forma intencional — porém nociva —, é essencial estar atento aos sinais de presença deles na residência, e tomar os cuidados essenciais para evitar a coabitação. Vale lembrar que os escorpiões-amarelos buscam e preferem ambientes que ofereçam alimento, abrigo e condições propícias para a reprodução.
É importante verificar a presença deles nos sapatos
Em entrevista anterior ao Metrópoles, o biólogo Atílio Sersun revelou que um dos “rastros” mais comuns da presença desses aracnídeos em casa ou ambientes próximos são os corpos estáticos das suas presas, além do exoesqueleto deixado pelos escorpiões. Isso porque ele é um animal que faz o que a biologia chama de ecdise, um processo de troca do exoesqueleto em artrópodes, que permite seu crescimento.
Ou seja, a medida que o escorpião-amarelo cresce, ele vai substituindo a “roupagem”, deixando-a como pequenos rastros no ambiente ou região. Outra possibilidade, de acordo com Sersun, é dar de cara com pedaços de insetos, próximo a lugares onde existem algum tipo de infestação.
De acordo com o profissional, que também é professor da Cruzeiro do Sul, caso você desconfie ou já tenha visto escorpiões na sua casa, não hesite em procurar uma equipe especializada para retirá-los do local, evite contato direto ou tentar capturá-los sozinho.
Também em entrevista anterior ao portal, o biólogo Ciro Yoshio Joko recomendou o que fazer para combater a “invasão” desses aracnídeos.
- Eliminar fontes de alimento: os restos de lixo precisam ser retirados recorrentemente da residência, afim de evitar o aparecimento dos escorpiões. “Assegure a limpeza constante para minimizar a disponibilidade de água”, descreve o profissional, que atua no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF);
- Vedar pontos de acesso: o ideal é manter as frestas e os ralos selados;
- Remover entulhos: dessa forma, os escorpiões não terão onde se abrigar, o que evitará também a proliferação local. Na hora de manusear os materiais de construção, é essencial ter cautela, pois caso um escorpião já esteja no local, ele pode reagir atacando.