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    Sérvia: protestos contra presidente Vucic continuam em todo o país

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    Somente nessa segunda-feira (18/8), quatro manifestações distintas ocorreram em Belgrado, além de protestos em outras 13 cidades da Sérvia. Entre os manifestantes estão cidadãos comuns, exasperados com a corrupção dos políticos no poder, e com o presidente do país, Aleksandar Vucic, que ignora as reivindicações, acusando-os de “terrorismo”, tentativa de assassinato ou de querer derrubá-lo sob ordens de uma potência estrangeira não identificada.

    Na última noite, unidades da tropa de choque intervieram em Belgrado, prenderam manifestantes e até pedrestes de forma aleatória. Na maioria dos casos, essas pessoas foram liberadas algumas horas depois, e a noite transcorreu com relativa calma.

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    Na semana passada, grupos de apoiadores do presidente, mascarados e armados com cassetetes e artefatos pirotécnicos, atacaram manifestantes sob os olhos de uma polícia conivente. O episódio deixou dezenas de feridos, especialmente em Novi Sad, a segunda maior cidade do país.

    Os manifestantes buscam, acima de tudo, evitar confrontos, mas houve casos em que impediram a polícia de prender alguns dos seus. Segundo as autoridades, também houve policiais feridos. Além disso, grupos de manifestantes mascarados vandalizaram quatro sedes do partido do presidente.

    Por eleições antecipadas

    De novembro até 28 de junho, os protestos foram organizados por estudantes que exigiam a verdade sobre o desabamento fatal da estação de Novi Sad e que as instituições, especialmente o Judiciário, cumprissem o seu papel. Diante da falta de resposta das autoridades, passaram a exigir eleições antecipadas, o que desencadeou, no fim de junho, os primeiros episódios de violência policial.

    Desde então, os manifestantes continuam exigindo essas eleições, e tanto nas passeatas quanto nos raros meios de comunicação independentes, o movimento atual é visto como uma luta pelo fim da era Vucic, no poder há 13 anos.

    A Sérvia é oficialmente candidata à entrada na União Europeia (UE). Diante da repressão, as reações europeias, antes discretas, se tornaram mais firmes, embora ainda moderadas. O embaixador da UE na Sérvia pediu às partes que evitem declarações incendiárias e solicitou que a polícia atue conforme os direitos das pessoas, expressando preocupação com a violência contra jornalistas.

    De forma menos diplomática, o chanceler austríaco, que visitou Belgrado na semana passada, teria alertado formalmente o presidente Vucic contra a tentação de declarar estado de emergência ou de mobilizar o exército nas ruas.

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