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    Anistia a Bolsonaro: o que os bolsonaristas querem é isonomia com Lula

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    Os jornalistas andam nervosos com a possibilidade de o Congresso aprovar a anistia a Jair Bolsonaro. A palavra mais gentil que utilizam para se referir a isso é “retrocesso”.

    Acho estranho, porque “retrocesso” se aplica a algo que avançou, e não parece que a democracia brasileira tenha ido adiante nos últimos anos, muito pelo contrário.

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    Pegue-se o caso do impeachment de Dilma Rousseff, por exemplo, que o PT vende como “golpe”. No processo de destituição da então inquilina do Planalto, Ricardo Lewandowski, que comandava os trabalhos finais como presidente do STF, simplesmente deu o drible da vaca na Constituição e manteve os direitos políticos da companheira. Pode? Não pode. Mas pôde.

    Temos também caso mais espantoso: o de Lula. Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em todas as instâncias do Judiciário brasileiro, eis que o STF, acossado por Jair Bolsonaro, resolveu tirar o chefão petista da cadeia e livrá-lo de todos os processos, lançando mão de provas ilegais, obtidas por criminosos.

    Como planejado, Lula está outra vez todo pimpão  na presidência da nossa pobre república, e os meliantes que assaltaram a Petrobras seguiram o mesmo caminho de impunidade, beneficiados pelo ministro Dias Toffoli. Pode? Não pode. Mas pôde.

    Estamos à volta, agora, com a prisão anunciadíssima de Jair Bolsonaro, acusado de golpismo em processos abertos de ofício no STF, conduzidos por um ministro que é, ao mesmo tempo, vítima, investigador e julgador. Pode? Não pode. Mas pôde.

    Sinceramente, não vejo como a anistia ao ex-presidente possa ser considerada “retrocesso”. O que os bolsonaristas querem, no fim das contas, é isonomia com Lula e o seu partido.