Até Trump impor tarifas e sanções ao Brasil, a eleição de Tarcísio de Freitas era bastante provável. Tarcísio tem apresentado avaliação positiva no Governo de São Paulo, então tido mais como um representante da direita conservadora do que um líder da direita radical do bolsonarismo, embora com a chancela de ex-Ministro de Bolsonaro.
Tarcísio, entretanto, foi ambíguo em relação às tarifas de Trump, então com relativo distanciamento do empresariado paulista, e, nas manifestações bolsonaristas por ocasião do 7 de setembro na Avenida Paulista, colocou-se ao extremo da política radical de direita, perdendo o seu maior apoio ao centro.
As tarifas e as sanções de Trump ao Brasil foram percebidas mais como políticas do que econômicas, com o objetivo de beneficiar a Bolsonaro e ao grupo específico de Bolsonaro segundo seus interesses próprios, e prejudiciais ao país, colocando Lula de volta nas eleições.
As perspectivas eleitorais de Lula não eram boas. Antes das tarifas de Trump, Lula estava com a avaliação positiva de seu governo na casa de 26%, devido ao fraco desempenho na economia, com o crescimento da inflação acima do PIB e a inflação de bens básicos de consumo da população na casa de 15%. O incumbente, para se reeleger, tem que ter 50% de avaliação positiva de governo, 40% para concorrer, abaixo de 40% dificilmente se reelege. Após as tarifas, Lula, devido às suas ações, em conjunto com Alckmin, de maior coordenação da política econômica e do esforço de exportação do país, subiu para cerca de 31% na sua avaliação positiva, retornando ao cenário eleitoral devido à maior fraqueza de seus adversários, pelo menos no momento.
Quem decide as eleições no Brasil é o “swing voter”, que oscila de um lado para o outro na busca do maior equilíbrio do país. As eleições de 2026 podem vir a ser a eleição da menor rejeição, na escolha do candidato que, dentro das possibilidades, possa vir a causar menos danos ao país.
Isto ocorreu no Canadá, por exemplo, após as tarifas de Trump e o desejo expresso de ter o Canadá incorporado com o 51º Estado Norte Americano, com o candidato de Trudeau, Mark Carney, então vencendo o candidato de direita Pierre Poilievre, então franco favorito nas eleições.
No momento, as Eleições Presidenciais Brasileiras de 2026 estão em aberto.
A eleição dependerá de erros e acertos.
Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e CRO da Sensus