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    Bolsonaro líder, réus condenados e a confirmação do plano de golpe

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    O histórico julgamento dos responsáveis pelo 8 de janeiro não se resumiu a um simples veredito de culpa ou inocência.

    A votação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que terminou com a condenação de oito réus — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro — por 4 a 1.

    A maioria formada por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin baseou seus votos em uma mesma tese: os ataques de 8 de janeiro não foram atos isolados, mas o ápice de uma trama golpista.

    Em um voto de mais de cinco horas, o relator Alexandre de Moraes detalhou a estrutura da organização criminosa e a atuação de Jair Bolsonaro como seu líder.

    Cármen Lúcia, por sua vez, reforçou essa visão, afirmando que a “farta prova” disponível — de minutas golpistas a áudios e vídeos — deixava clara a intenção dos crimes.

    Flávio Dino acompanhou a relatoria, e o ministro Zanin foi crucial ao defender a validade do processo, rebatendo ponto a ponto as alegações da defesa sobre supostas falhas e a incompetência do STF. Sua argumentação solidificou a base jurídica para o veredito.

    Em total oposição, o ministro Luiz Fux optou por um caminho completamente diferente. Em um voto que se estendeu por quase 14 horas, ele defendeu a tese de que o processo deveria ser anulado e os réus absolvidos. Fux analisou cada fato de forma isolada, desconsiderando a conexão entre eles.

    Essa abordagem foi duramente criticada e ironicamente apelidada de “hermenêutica do ornitorrinco” e “falácia do boi esquartejado” por analistas. As metáforas explicam a tentativa de Fux de analisar as “partes” do processo (os acampamentos, as mensagens, a invasão) separadamente, sem ver o “todo” que configurava a tentativa de golpe.

    Mas a pergunta que não quer calar: o que, afinal, fez o ministro divergente ter uma mudança tão abrupta de ideia?

    Ao final do julgamento, Jair Bolsonaro foi o centro do veredito.

    A maioria do STF o considerou o líder da organização criminosa que tramou a ruptura democrática, condenando-o a 27 anos e três meses de prisão por crimes como golpe de Estado e dano ao patrimônio público.

    A decisão o torna o primeiro ex-presidente do Brasil a ser condenado por crimes contra a democracia, marcando um novo e decisivo capítulo na história política e jurídica do país.

    Confira: