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    Casos de doenças respiratórias aumentam e DF entra em nível de alerta

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    O Distrito Federal está em alerta de alto risco para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no início de setembro.

    O estudo avalia o número de casos recentes em comparação ao histórico, desde a vacinação contra a covid-19, e aponta se os casos estão aumentando ou diminuindo nas últimas seis semanas. São os chamados indicadores de “níveis de atividade” e “estimativa de tendência”.

    No DF, os dois índices estão em alto risco. Isso significa que os casos de SRAG não só estão mais altos do que o normal, como também estão em crescimento contínuo, indicando uma possível piora do cenário epidemiológico nas próximas semanas.

    O presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Braz, explicou que não há nenhum “evento gravíssimo” como o da pandemia da covid-19, o que abre uma necessidade para uma compreensão mais profunda do contexto da proliferação.

    “Quando há um aumento de um fenômeno epidemiológico, é necessário saber se há um aumento mesmo nas circulações dos vírus ou se há um aumento da vigilância por conta de diagnósticos que estão sendo mais acessíveis ou mais realizados”, disse.

    Ele acrescentou que uma das possibilidades para o aumento de casos é a diminuição nos percentuais de vacinação dos principais vírus que circulam neste momento, como o da covid-19. Durante o mês de agosto, foram diagnosticados 310 novos casos, segundo o Boletim Semanal de Covid-19 n° 1083 da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), o que, segundo o estudo da Fiocruz, caracteriza um leve crescimento nas notificações de SRAG por covid-19.

    “Hoje quase toda a população foi exposta ao covid, ora por infecção natural, por vacina ou até pelas duas situações. Mas ainda assim a recomendação é a aplicação da vacina duas vezes ao ano. Mesmo que ela não seja exatamente a vacina da variante que possa estar circulando, ela ainda mantém um sistema imunológico em alerta, evitando novos casos e agravantes como a SRAG”, explicou.

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    Identificação de SRAG

    Os principais vírus respiratórios que caracterizam como incidência da SRAG são: Influenza (A e B), Rinovírus, SARS-CoV-2 (Covid-19) e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). De acordo com o estudo da Fiocruz, o aumento dos casos graves ocorrem principalmente em crianças e adolescentes de 2 a 14 anos, e está relacionado ao Rinovírus.

    A SES-DF explica que os critérios para um caso de SRAG são identificados quando o paciente está internado por mais de 24 horas e apresenta pelo menos um sintoma de gripe, como:

    • Febre (mesmo que só mencionada);
    • Calafrios;
    • Dor de garganta;
    • Dor de cabeça;
    • Tosse;
    • Coriza;
    • Perda de olfato ou paladar.

    Em 2025, segundo o Boletim Epidemiológico da Gripe de n° 15 da pasta, foram notificados 5.783 casos de SRAG no DF, até o mês de agosto. Dos diagnósticos, 4.198 (73%) foram por vírus respiratórios que corresponderam a 5% por SARS-CoV-2; 14% por influenza; e 53% por outros vírus respiratórios (como Rinovírus e VSR). Observou-se também que 1.300 (31%) casos tinham pelo menos um fator de risco relatado. Os fatores de risco identificados mais frequentes para os casos foram idade menor de 2 anos (56%); pneumopatia (13%); e maior de 60 anos (11%).

    Além disso, os casos em crianças de zero a 10 anos chamam atenção e demandam o cuidado redobrado dos pais. Eles correspondem a 75% das notificações de SRAG, em 2025, no DF, tendo sido identificado predominantemente o rinovírus e VSR.

    Prevenção

    O ponto principal ressaltado pelo médico infectologista José David Braz para a prevenção dos vírus é a vacinação. Ele ressalta as crianças precisam tomar as vacinas correspondentes aos vírus que estão em circulação desde cedo.

    Além disso, segundo a SES-DF, também são necessárias outras medidas para evitar a transmissão da gripe e outras doenças respiratórias, como:

    • Lavar e higienizar frequentemente as mãos, principalmente antes de consumir algum alimento e após tossir ou espirrar;
    • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
    • Cobrir o nariz e a boca, quando espirrar ou tossir;
    • Evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
    • Manter os ambientes bem ventilados;
    • Evitar aglomerações e ambientes fechados;
    • Evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.

    O conselheiro do CRM-DF ainda ressalta que, apesar de ser “um trauma social”, o uso da mascara continua sendo de extrema importância e que ela “se comprovou como um dos melhores instrumentos de controle de transmissão de infecções aéreas”.