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    Egito: “absurdo” dizer que saída de palestinos em Gaza é voluntária

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    O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, afirmou neste sábado (6/9) que descrever a saída de palestinos de Gaza como um movimento voluntário é um “absurdo”. O Cairo é considerado um mediador central nas negociações para encerrar a guerra, que se arrasta há quase dois anos.

    “Se há fome provocada pelo homem em Gaza, é para expulsar os moradores de suas terras. É um absurdo dizer que se trata de deslocamento voluntário”, declarou Abdelatty em coletiva de imprensa no Cairo, ao lado do comissário-geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini.

    Na manhã deste sábado, o Exército israelense emitiu novas ordens de evacuação em Gaza e destruiu mais um prédio residencial. Em resposta, o Hamas pediu que “as Nações Unidas e o Conselho de Segurança deixem a praça do silêncio e ajam imediatamente para deter os ataques que buscam destruir a cidade de Gaza e deslocar sua população”.

    Nos últimos dias, Israel ordenou que civis da Cidade de Gaza se deslocassem para o Sul, enquanto as forças avançam sobre a maior área urbana do território. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou a dizer que os palestinos deveriam ter o direito de sair “voluntariamente”, sugerindo que outros países poderiam recebê-los.

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    O chanceler egípcio rechaçou essa posição e culpou Israel pela falta de avanços rumo a um cessar-fogo. Segundo Abdelatty, ele discutiu com o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, formas de acelerar a implementação de uma proposta de trégua.

    Cessar-fogo

    Em agosto, o Hamas anunciou ter aceitado um plano de cessar-fogo de 60 dias, mediada pelo Egito, que previa a libertação de metade dos reféns em Gaza em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

    O acordo também incluía a suspensão das operações militares israelenses por dois meses e a criação de uma estrutura para encerrar o conflito.

    Netanyahu, no entanto, rejeitou os termos e afirmou que Israel só negociaria sob condições que garantissem sua segurança. O premiê disse ainda que, após qualquer pausa temporária, as operações seriam retomadas imediatamente.

    O Egito, que sediou diversas rodadas de negociações, insiste que a atual escalada agrava a crise humanitária e ameaça prolongar ainda mais a guerra.

    Fome como “instrumento de guerra”

    No fim de agosto, os membros do Conselho de Segurança da ONU, com exceção dos Estados Unidos, consideraram que a fome na Faixa de Gaza é uma “crise provocada pelo homem” e acusaram Israel de utilizar a escassez de alimentos como arma de guerra, em violação ao direito internacional humanitário.

    Em declaração conjunta, os 14 países — entre eles China, França e Reino Unido — exigiram cessar-fogo imediato e incondicional, a libertação de reféns mantidos pelo Hamas, a ampliação substancial da ajuda humanitária e a suspensão das restrições impostas por Israel à entrada de suprimentos essenciais no enclave.

    4 imagensPalestinos recebem refeições  distribuídas por organizações humanitárias na área de al-Mawasi, em Khan Yunis, GazaKHAN YUNIS, GAZA – 15 DE JUNHO: Palestinos fazem fila com seus recipientes para receber refeições quentes distribuídas por organizações humanitárias em Mewasi, enquanto a crise alimentar se agrava devido aos ataques contínuos de Israel em Khan Yunis, Gaza, em 15 de junho de 2025Fechar modal.1 de 4

    Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images2 de 4

    Palestinos recebem refeições distribuídas por organizações humanitárias na área de al-Mawasi, em Khan Yunis, Gaza

    Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images3 de 4

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    KHAN YUNIS, GAZA – 15 DE JUNHO: Palestinos fazem fila com seus recipientes para receber refeições quentes distribuídas por organizações humanitárias em Mewasi, enquanto a crise alimentar se agrava devido aos ataques contínuos de Israel em Khan Yunis, Gaza, em 15 de junho de 2025

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