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    Entre escombros e sirenes, Gaza vive dias de terror com ataques

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    Setecentos dias se passaram desde o ataque de 7 de outubro de 2023, uma data simbólica que agora marca também a intensificação dos bombardeios em Gaza. Na sexta-feira (5/9), o Exército israelense destruiu uma torre residencial no centro da cidade de Gaza e anunciou que as operações militares devem se intensificar nos próximos dias.

    Diante da escalada, moradores aterrorizados começam a obedecer às ordens de evacuação e deixam as áreas visadas.

    Segundo o Exército israelense, a população foi previamente alertada sobre o ataque, com o objetivo de “limitar os danos aos civis”. Em comunicado oficial, os militares afirmaram que o Hamas havia instalado na torre “infraestruturas utilizadas para preparar e executar ataques” contra forças israelenses.

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    A torre desabou como um castelo de cartas, e a ofensiva marca o início da chamada “guerra das torres”, como descreve Eyad Amawi, coordenador de ajuda humanitária de ONGs locais.

    Amawi explica que, em Gaza, uma torre pode abrigar mais de cem apartamentos — às vezes até duzentos — devido à alta densidade populacional e à verticalização das construções.

    “Quando uma torre é destruída, centenas de famílias perdem suas casas de uma só vez. A explosão também devasta os prédios vizinhos, apagando bairros inteiros”, relata. Para ele, trata-se de uma estratégia de controle baseada na destruição, no medo e nos bombardeios contínuos, que obriga a população a fugir mesmo sem ordens diretas.

    Bairros inteiros destruídos

    A situação humanitária se agrava. Muitos moradores não conseguem se deslocar. A dúvida é cruel: permanecer e arriscar a vida, ou partir — mas para onde? Souheila, uma moradora de Gaza, já recebeu ordens de evacuação várias vezes e hoje não tem mais nada.

    “Fui deslocada quatro vezes sob tiros de drones e tanques. Saímos de casa sem levar nada, sem roupas, sem sapatos. Estamos descalços. Estou aqui, sobre os escombros de uma casa bombardeada. Dormimos no chão, sem colchão, sem cobertor. Mas tivemos que sair, o medo das bombas era insuportável”, conta.

    Israel afirma controlar 75% da Faixa de Gaza
    Alguns moradores conseguem fugir para o sul da Faixa de Gaza, mas muitos não têm recursos e se deslocam apenas alguns quilômetros, como relata Abderrahmane.

    “Sou de Jabalia e fui deslocado com minha família para o noroeste, no bairro egípcio, a sete quilômetros. Foi muito difícil sair sob os bombardeios, muito arriscado. Para chegar até aqui, tive que pagar mil shekels, cerca de € 250”, diz. Hoje, ele vive em uma tenda, com acesso precário à água e o temor constante de ter que fugir novamente.

    O Exército israelense afirma controlar cerca de 75% da Faixa de Gaza e 40% da cidade de Gaza, e declara que pretende tomar a cidade, considerada o último grande reduto do Hamas no território palestino. Segundo um alto comandante militar, até um milhão de pessoas podem ser forçadas a deixar Gaza em direção ao sul.

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