O Planalto estuda possíveis substitutos para o ministro do Esporte, André Fufuca, enquanto avalia a manutenção de Celso Sabino no Ministério do Turismo. A discussão acontece após o PP e o União Brasil, partidos respectivos dos titulares das pastas, anunciarem nessa terça-feira (2/9) o rompimento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ameaçarem punir filiados em cargos da máquina federal. Enquanto isso, o Planalto cobra adesão total à pauta governista.
Até o momento, tanto Celso Sabino quanto André Fufuca demonstraram resistência a entregar os cargos. Eles querem continuar em suas cadeiras e garantir o apoio do presidente Lula aos seus projetos políticos no Pará e Maranhão, estados com forte influência eleitoral do petista. Segundo interlocutores, ambos devem buscar amparo no Centrão para cacifar a permanência nos ministérios. Amparo esse, que poderá vir informalmente tanto de alas mais governistas das próprias siglas, quanto de outros partidos do Centrão.
No caso de Fufuca, uma troca é vista como mais provável pelo Planalto. O Ministério do Esporte tem forte capilaridade e não faltam pretendentes no Centrão, ávidos para assumir o controle da pasta num ano pré-eleitoral. Nos bastidores, ventilou-se no PT o nome de Ricardo Gomyde como eventual substituto. Ele é ex-secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, que já integrou a estrutura da pasta durante o governo de Dilma Rousseff (PT), e tem proximidade com alas do partido.
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Em entrevista ao Metrópoles, Celso Sabino destacou o crescimento do Turismo no Brasil, com destaque para a movimentação em 2024
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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Celso Sabino (União)
Ricardo Stuckert/PR3 de 6
Deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) durante almoço com presidente Lula e governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em Belém
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O ministro do Esporte, André Fufuca
Breno Esaki/Metrópoles5 de 6
Lula e Fufuca
Ricardo Stuckert/PR6 de 6
Reprodução
Já Sabino tem uma situação mais complexa no governo e, por isso, uma eventual troca seria também mais custosa politicamente – e até economicamente – para Lula. O Planalto cita como fatores a forte atuação do ministro na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), e também o cargo que ele ocupa como presidente do Conselho Executivo da ONU Turismo.
Nesse sentido, o governo tende a unir o útil ao agradável e bancar a permanência dele. Uma troca do União Brasil pelo MDB foi ventilada por fontes palacianas, mas ainda não houve contato formal com o governador do Pará, Helder Barbalho, para negociar a mudança. É ele quem dá as cartas no diretório paraense do partido. Um licenciamento partidário de Sabino também é citado como alternativa.
Em caso de troca, o nome do presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, é citado como substituto. O ex-deputado é visto como o único nome capaz de assumir o ministério e dar continuidade ao trabalho de Sabino com relação aos projetos da COP já em andamento.
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Ministros terão que “ajoelhar no milho”
Após o anúncio do rompimento do União e do PP, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disparou indiretas aos ministros e outros caciques das legendas que permanecem com indicações na máquina federal. A articuladora política do governo deixou claro que quem quiser manter no cargo a si mesmo ou seus apadrinhados precisará dançar conforme rege o Planalto.
“Quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende. (…) Isso vale para quem tem mandato e para quem não tem, inclusive para aqueles que indicam pessoas para posições no governo, seja na administração direta, indireta ou regionais”, escreveu Gleisi no X, antigo Twitter.
Fontes palacianas destacam que a mensagem deixa clara a expectativa do Planalto de que eles “ajoelhem no milho” e abracem totalmente as propostas do governo Lula, inclusive com dedicação ativa à aprovação das propostas no Congresso. Nas palavras de um interlocutor do Planalto, a “bola está com Fufuca e Sabino”, que terão que procurar Gleisi para sinalizar se compreendem os termos e condições para a permanência nos cargos.
Caso consigam continuar, os ministros devem enfrentar seus próprios partidos. Os presidentes do União, o advogado Antônio Rueda, e do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), deram um ultimato e ameaçaram com punições quem ficar na gestão petista.
“Em caso de descumprimento desta determinação, se dirigentes desta Federação em seus estados, haverá o afastamento em ato contínuo. Se a permanência persistir, serão adotadas as punições disciplinares previstas no Estatuto”, disse Rueda, em pronunciamento na Câmara.
Juntos, União e PP comandam quatro ministérios. São eles:
- Esporte, com Fufuca;
- Turismo, com Sabino;
- Integração e Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP);
- Comunicações, com Frederico Siqueira, também indicado por Alcolumbre.
Os indicados pelo presidente do Senado permanecerão nos cargos como “cota pessoal” dele, uma vez que os apadrinhados não são filiados ao União Brasil.