Dez meses após o assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, inimigo do Primeiro Comando da Capital (PCC), a autoria do crime ainda não foi completamente esclarecida, e a Polícia Civil de São Paulo continua tentando descobrir quem são todos os mandantes do crime.
Em março deste ano, quando a força-tarefa criada para apurar o homicídio apresentou o relatório final de investigação, os promotores da Vara do Júri de Guarulhos cobraram a instauração de um novo inquérito. Para eles, seria improvável que os dois integrantes do PCC apontados pela polícia como mandantes tivessem contratado os executores sozinhos, sem participação de líderes da facção e até de autoridades policiais ligadas ao crime organizado.
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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo
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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado
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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
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O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia
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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto
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Delator do PCC foi morto no Aeroporto de Guarulhos
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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto
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No entanto, desde a instauração da investigação complementar, a polícia não conseguiu chegar a outros suspeitos. Fontes ligadas ao inquérito afirmam que há uma linha principal de apuração, mas ela está “demorando para avançar”.
Um dos problemas seria a redução do número de pessoas debruçadas sobre o caso. Com a apresentação do relatório final, a força-tarefa foi desmontada, e ficaram apenas dois delegados.
Mandantes
- O relatório final sobre o homicídio de Vinícius Gritzbach foi apresentado pela Polícia Civil em 14 de março, apontado o envolvimento de seis pessoas no crime.
- Os mandantes seriam os traficantes João Congorra Castilho, conhecido como Cigarreiro, que seria ligado ao Comando Vermelho (CV) e ao Primeiro Comando da Capital (PCC), e Diego dos Santos Alves, o Didi, também ligado à facção paulista.
- Eles teriam contado com a ajuda de Kauê do Amaral Coelho, o Jubileu, que atuou como olheiro do crime, avisando aos atiradores sobre a movimentação da vítima.
- Segundo a polícia, os executores foram os policiais militares Denis Martins e Ruan Rodrigues, que teriam fuzilado o inimigo do PCC, e Fernando Genauro, que dirigiu o carro usado no homicídio.
- Vinícius Gritzbach foi morto com 10 tiros de fuzil na área de desembarque do Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro de 2024.
O inquérito complementar instaurado em março investiga, entre outras pessoas, os policiais militares que faziam segurança privada irregular para Gritzbach no momento do crime.
A hipótese de envolvimento dos PMs surgiu logo após o homicídio, por conta do comportamento suspeito que eles apresentaram. Em vez de esperarem o corretor de imóveis no aeroporto, três deles ficaram em um posto de gasolina, por causa de um suposto problema no carro.
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Mais tarde, a polícia descobriu que pelo menos 12 policiais militares estariam envolvidos na escolta de Gritzbach. Eles foram indiciados por organização criminosa.
O esquema de escolta irregular seria coordenado pelo tenente Giovanni de Oliveira Garcia, conhecido como “chefinho”, lotado no 23º Batalhão Metropolitano.
Suspeitas
De acordo com o relatório de investigação, a motivação seria vingança por três episódios: a morte do líder do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021, atribuída a Gritzbach; um suposto desvio de parte de um investimento feito pela facção em criptomoedas; e o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Em janeiro de 2022, menos de um mês após a morte de Cara Preta, Vinícius Gritzbach foi levado por integrantes da cúpula do PCC na zona leste para um tribunal do crime em um campo de futebol. Na ocasião, ele seria julgado pelo homicídio e pelo suposto golpe milionário na facção.
Cigarreiro e Didi estavam presentes, além de importantes figuras do PCC, como Danilo Lima de Oliveira, o Tripa; Rafael Maeda Pires, o Japa; e Claudio Marcos de Almeida, o Django. Sob a promessa de entregar aos criminosos as senhas das carteiras digitais em que estavam investidos milhões em criptomoedas, Gritzbach foi libertado.
Uma das hipóteses é que mais participantes do tribunal do crime estejam envolvidos. Também há suspeitas de que policiais civis presos pela Polícia Federal em dezembro do ano passado por lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes estejam ligados ao homicídios de Gritzbach.
Outra linha de investigação levantada durante o primeiro inquérito é que o assassinato esteja relacionado com um kit de joias, avaliado em mais de R$ 1 milhão, que o corretor de imóveis recebeu dias antes do crime, durante sua viagem a Alagoas. Quando foi morto no aeroporto, Gritzbach estava com as joias.