Os jornais franceses de quarta-feira (17/9) analisaram a nova ofensiva de Israel na Faixa de Gaza e as conclusões do relatório de uma comissão independente da ONU que acusa Tel Aviv de genocídio. A ideia também começa a ser aceita por uma minoria de intelectuais em Israel.
Segundo o jornal Libération, ao anunciar uma nova fase decisiva de sua guerra em Gaza — apressadamente batizada de “Carruagens de Gideão II” — o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afastou ainda mais seu país do mundo civilizado. A intensificação dos bombardeios agrava a situação humanitária no território palestino, logo após a ONU ter concluído, na terça-feira (16), que um genocídio está em curso.
Leia também
-
Ministro de Israel fala em divisão de Gaza com EUA: “Mina de ouro”
-
Papa Leão XIV pede cessar-fogo em Gaza: “Condições inaceitáveis”
-
Israel anuncia rota para moradores fugirem da Cidade de Gaza
-
Brasil e outros países pedem proteção à flotilha que partiu para Gaza
Menos de uma semana após o ataque do grupo Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, o premiê israelense prometeu uma guerra que mudaria o Oriente Médio. Quase dois anos depois, Netanyahu parece estar prestes a cumprir sua promessa, destaca o jornal: bombardeando o Catar, ameaçando o Egito e rompendo com todos os seus aliados.
Debate sobre genocídio
O jornal Le Monde questiona a posição dos israelenses diante da acusação de genocídio. Segundo o diário, o debate existe em Israel desde o final de 2023, principalmente em círculos pró-palestinos, mas sempre foi refutado pela opinião pública. No entanto, atualmente, um grupo de intelectuais israelenses concorda com o uso do termo para definir a ação militar em Gaza. Essas opiniões, contudo, continuam minoritárias, ressalta o a matéria.
Os veículos de comunicação israelenses seguem focados no trauma de 7 de outubro, nos reféns ainda detidos em Gaza e nos soldados mobilizados. Na sociedade, as acusações de genocídio provocam reações violentas: estrangeiros são acusados de antissemitismo, e israelenses, de traição ou cumplicidade com o Hamas.
Para o jornal Le Figaro, Netanyahu insiste em continuar uma guerra cujos objetivos são inalcançáveis, provocando uma nova onda de indignação mundial e correndo o risco de se isolar diplomaticamente — e até de sofrer boicotes. Essa tendência é alimentada pelas acusações de genocídio contra o país, afirma o diário.
A França e outros países se comprometeram a reconhecer o Estado palestino na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, na próxima semana.
Leia mais em RFI, parceira do Metrópoles.