Agentes de migração do posto fronteiriço de Mayor Infante Rivarola, no árido Chaco paraguaio, checaram, em 27 de agosto deste ano, documentos de um homem que tentava entrar na Bolívia após perceberam que não se tratava de um viajante comum. Diante deles estava Luka Starcevic (foto em destaque), 35 anos, um dos nomes mais temidos da máfia dos Bálcãs, conhecido entre investigadores como o “embaixador” do crime europeu na América do Sul.
Starcevic não atravessava a fronteira por acaso. Duas semanas antes, três de seus principais operadores haviam sido executados em Santa Cruz de la Sierra, em uma chacina que expôs a guerra em curso pelo controle do narcotráfico na Bolívia. O sérvio tentava chegar ao país para reorganizar sua rede e recuperar parte do poder perdido. A missão, porém, terminou antes mesmo de começar.
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Ligado ao Clã de Kotor, grupo envolvido em guerras sangrentas nos Bálcãs, Starcevic já havia passado pelo Brasil em 2020 após simular a própria morte na Europa. Desde então, vinha articulando alianças discretas com o facções brasileiras, usando sua experiência para conectar laboratórios bolivianos aos portos do Atlântico Sul. Em poucos anos, ajudou a estruturar rotas logísticas que movimentavam dezenas de milhões de dólares.
Mas o triplo homicídio de seus aliados em Santa Cruz — Dejanco Lazarevski, o “Macedônio”, responsável pelas compras diretas da coca; Miljan Gjekic e Vanja Milosevic, especialistas em transporte e logística — abalou os alicerces de sua operação. Os corpos, encontrados com sinais de tortura e execução, foram interpretados como um recado claro: o território boliviano estava em disputa, e a máfia balcânica não tinha mais a mesma força.
Pressionado e diante do colapso de sua rede, Starcevic decidiu atravessar a fronteira com documentos argentinos falsos. Pretendia reassumir pessoalmente o controle em Santa Cruz, identificar os responsáveis pelas mortes e reorganizar as rotas. O plano fracassou. Indentificado ainda no lado paraguaio, o “embaixador da morte” voltou para a prisão.