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    Luto e revolta: assassinatos de policiais disparam 147% no Rio

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    Entre o último domingo (31/8) e essa segunda-feira (1°/9), dois policiais perderam a vida após serem surpreendidos por criminosos armados. O policial Elber Fares e o policial militar Anderson de Souza Figueira atuavam na linha de frente do combate à criminalidade no Rio de Janeiro (RJ).

    No entanto, eles não são as primeiras vítimas. De janeiro a julho deste ano, 42 policiais foram assassinados no RJ enquanto guerreavam contra facções criminosas. O número é 147% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 17 policiais foram mortos. Os dados são do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

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    Sem chance de defesa

    Em 19 de maio deste ano, o policial civil José Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), morreu após ser baleado na cabeça durante uma operação na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio.

    Não havia tiroteio quando o policial foi morto. Ele foi atingido por um atirador escondido em uma seteira.

    José chegou a ser levado em estado grave ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu aos ferimentos.

    Quando foi morto, o investigador atuava em uma operação que apurava crimes ambientais e contra a saúde pública e interditou uma fábrica de gelo na Cidade de Deus.

    Morre o “PM herói”

    Querido dentro e fora da corporação, o sargento da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) Kelvyton de Oliveira Vale, 48 anos, foi morto em 11 de julho durante operação policial.

    Antes de morrer, ele já havia sido baleado em outras nove ocasiões. Contudo, o disparo fatal o atingiu durante uma ação no Morro do Trem, no Conjunto do Ipase, na Vila Kosmos, Zona Norte do Rio.

    Nas redes sociais, Kelvyton acumulava cerca de 7 mil seguidores — com quem costumava compartilhar detalhes da rotina nas ruas.

    Em abril de 2020, ele foi ovacionado após viralizar nas redes um vídeo em que ele aparece caminhando pelas ruas de uma comunidade enquanto carregava um colega baleado em suas costas.

    O colega ferido era o cabo Marco Antônio Matheus Maia. Ele havia sido baleado na testa em confronto com criminosos. Maia foi internado no Hospital Central da PM, no Estácio, e faleceu em dezembro de 2024, após longa luta pela vida.

    À época, o vídeo se espalhou pelo país inteiro. Nos comentários, Kelvyton recebeu centenas de mensagens de admiração.

    Morto na frente do filho

    Lotado na 166ª Delegacia de Polícia (Angra dos Reis), Elber Fares foi morto a tiros na noite do último domingo (31/8), na frente do filho, após sair de uma igreja no bairro Balneário, na Costa Verde fluminense.

    Segundo testemunhas, um carro se aproximou do veículo do agente no momento em que ele abria a porta. O atirador disparou ao menos três vezes.

    Câmeras de segurança da região flagraram a execução. Nas imagens, é possível ver o momento em que o filho corre desesperado em direção ao pai, que cai no chão, enquanto o criminoso retorna ao carro e foge.

    Ferido gravemente, Elber foi levado pelos Bombeiros ao Hospital Municipal da Japuíba (HMJ), mas não resistiu. Ele havia sido atingido por pelo menos cinco disparos, segundo informações preliminares da Polícia Civil.

    A primeira linha de investigação aponta que traficantes locais podem estar por trás da execução, mas a Polícia Civil ainda não descarta outras hipóteses, como tentativa de assalto.

    Assassinado em operação

    Policial militar desde 2002, Anderson de Souza Figueira, lotado no 41º BPM (Irajá), foi assassinado quando atuava em uma ação no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio.

    Apesar de ter sido socorrido com vida e levado para o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, Figueira não resistiu aos ferimentos.

    No momento em que foi atingido, ele realizava buscas no interior de uma igreja, com o intuito de capturar lideranças de uma facção que se escondiam ali.

    A operação tinha como objetivo reprimir a movimentação de criminosos envolvidos em disputas territoriais, além de coibir roubos de veículos e cargas nas principais vias de acesso à localidade.

    Após o confronto, outros dois homens acusados de participar do ataque às equipes do 41° BPM foram socorridos ao Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, onde permanecem internados sob custódia policial.

    O subtenente Figueira tinha 43 anos e ingressou na Corporação em 2002. Ele deixa esposa e três filhos.