O cantor Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, se manifestou sobre o caso do motoboy atingido por um disparo de arma de fogo feito por um policial militar no Rio de Janeiro. A situação aconteceu após o agente ordenar que o entregador subisse ao seu apartamento para entregar uma encomenda.
Preso, Oruam falou sobre a situação através de sua assessoria de imprensa. “Nós, da assessoria de imprensa, informamos que nosso cliente Oruam tomou conhecimento do caso do motoboy atingido por um disparo de arma de fogo feito por um policial civil. A notícia o abalou profundamente, reforçando em sua percepção aquilo que ele já sente na pele: a seletividade da Justiça brasileira”, diz a nota enviada à coluna Fábia Oliveira.
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O rapper, então, se pronunciou no texto e afirmou que, cada dia que passa dentro da cadeia, percebe que a “lei não tem cor”. “É duro perceber que a mesma lei que deveria proteger a todos trata alguns como cidadãos e outros como inimigos. Cada dia que passo aqui dentro me prova que a lei tem cor, e não é coincidência que ela sempre pesa mais contra nós, pretos e periféricos”, disse Oruam.
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Oruam está preso desde 22 de julho
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“Orgulho de onde vim”, diz Oruam ao comentar sucesso de novo álbum
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O cantor acrescentou: “Eu venci com meu talento, não com violência. Estou preso sem provas, enquanto quem comete crimes de fato segue solto. Mas ninguém vai apagar minha história nem o orgulho que carrego de onde eu vim e do que construí”, declarou através de sua assessoria.
Prisão de Oruam
Oruam está em prisão preventiva desde o dia 22 de julho, acusado de tentativa de homicídio triplamente qualificada, após um episódio envolvendo a Polícia Civil na porta de sua casa, no Joá, no Rio. Segundo as investigações, ele teria tentado impedir o cumprimento de um mandado de apreensão contra um adolescente procurado por tráfico de drogas e roubo.
Ainda na nota enviada à coluna, a equipe do artista mostrou sua indignação com a situação.
“A acusação se sustenta em pedras encontradas em local incerto, sem autoria definida, elemento já contestado por especialistas independentes por não oferecer respaldo técnico. Mesmo assim, a prisão foi decretada com base em justificativas genéricas de suposta influência sobre jovens e alegados vínculos não comprovados com o crime organizado”, falou a assessoria.
E continuou: “O contraste é escandaloso quando comparado ao caso do policial civil que, após efetuar disparo contra um entregador e deixá-lo ferido, foi indiciado apenas por lesão corporal (artigo 129 do Código Penal) e responde em liberdade. Nesse caso, havia vítima, autoria e materialidade confirmadas. Enquanto isso, Oruam permanece encarcerado por acusação de tentativa de homicídio (artigo 121, §2º, c/c art. 14, II, do Código Penal) sem qualquer prova objetiva. A diferença de tratamento afronta o artigo 5º da Constituição Federal, que garante a igualdade de todos perante a lei”.
No texto, a equipe do rapper pontuou também que “a prisão preventiva viola os requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal, que exige risco concreto para sua manutenção” e que “Oruam é réu primário, tem endereço fixo e carreira consolidada, o que reforça a possibilidade de responder ao processo em liberdade”.
A assessoria de Oruam encerrou: “O caso traduz um retrato cruel de racismo estrutural e seletividade penal. Jovens negros e periféricos seguem sendo alvos preferenciais de um sistema que criminaliza suas trajetórias e limita suas conquistas, enquanto atos violentos praticados por agentes estatais recebem enquadramento jurídico mais brando. A disparidade exposta evidencia a urgência de uma Justiça que se fundamente em provas reais, imparcialidade e respeito à Constituição, e não em estigmas sociais ou preconceitos”.