O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (16/9) que o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, executado em Praia Grande, no litoral paulista, no início da noite dessa segunda (15/9), não havia pedido proteção ao Estado, como escolta, mesmo estando jurado de morte por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e tendo inimizades dentro da polícia.
Segundo Tarcísio, o processo para garantir escolta e proteção policial depende de um pedido inicial feito pela própria autoridade. Em seguida, o governo analisa se há, de fato, uma ameaça iminente. Ruy não teria feito nenhum pedido do tipo.
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP
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Sob ameaças, mas “sozinho”
O ex-delegado, que dedicou mais de 40 anos à Polícia Civil de São Paulo, era especializado no combate ao crime organizado paulista. Ele chegou a ser considerado o inimigo nº 1 do PCC após defender o isolamento das lideranças da facção no sistema prisional.
Afastado da segurança pública desde 2023, quando assumiu o cargo de secretário da Administração de Praia Grande, Ruy declarou publicamente, duas semanas antes de ser morto, que não possuía qualquer estrutura que o protegesse de potenciais atentados, como o que tirou sua vida nessa segunda-feira.
“Desde 2002 fui encarregado de fazer investigações relacionadas com o crime organizado, especificamente, com relação ao PCC. Eu não quero, eu não tenho proteção. Proteção de que? Hoje eu moro sozinho, eu vivo sozinho aqui na Praia Grande, que é o meio deles. Hoje eu não tenho estrutura nenhuma”, disse o ex-delegado à CBN.
Em entrevista à imprensa na noite dessa segunda, o atual delegado-geral, Artur Dian, confirmou que Ruy Ferraz não tinha preocupação com possíveis atentados contra sua vida.
“Ultimamente, pelo que a gente levantou preliminarmente, e a última vez que eu também pude conversar com ele, não existia esse receio. Claro que um policial sempre tem toda a cautela, ele andava armado, obviamente, mas ele não tinha esse receio específico de que alguém pudesse estar atentando contra a vida dele”, afirmou Dian.
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Tarcísio defendeu proteção de autoridades
Conforme Tarcísio, a execução de Ruy Ferraz despertou uma reflexão sobre a necessidade de proteger autoridades policiais, judiciárias e políticas envolvidas com o combate ao crime organizado.
“Não existe isso hoje no nosso regramento, não existe isso na nossa legislação, mas é algo que a gente tem que parar pra pensar. Autoridades, pessoas que se dedicam ao combate ao crime organizado… Depois elas saem [do cargo], mas a memória do crime fica. Então, a gente tem que proteger essas pessoas”, afirmou.
O governador acrescentou ainda que a melhor maneira de homenagear Ruy, neste momento, é solucionar o crime, e dar a devida resposta do Estado aos envolvidos na execução.
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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Dois suspeitos identificados
Até o momento, dois suspeitos de envolvimento no homicídio de Ruy Ferraz foram identificados pela Polícia Civil. De acordo com Tarcísio, todos os departamentos da corporação estão empenhados em solucionar o caso.
Um carro abandonado após o crime, ainda ligado, tem contribuído com a identificação dos suspeitos, já que o veículo possui fragmentos de DNA e de impressão digital.
“A gente vai usar toda a tecnologia disponível e os bancos de dados. Não só o nosso banco de dados criminal, mas também o banco de dados do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Porque o nosso banco de dados funciona enquanto a pessoa tem antecedentes, quando não tem, a gente tem que recorrer para outro banco. Então nós vamos fazer todos esses cruzamentos para identificar essas pessoas e colocá-las na cena do crime”, afirmou o governador.
Os mandados de prisão preventivas devem ser expedidos ainda nesta terça-feira, afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Vídeo mostra perseguição e execução de ex-delegado
O atentado contra Ruy foi captado por diversas câmeras de segurança e de aparelhos celulares. Um dos ângulos mostra o momento em que o ex-delegado fugia dos criminosos, quando bateu o carro em um ônibus e capotou. Os atiradores aparecem em um SUV (Sport Utility Vehicle, ou Veículo Utilitário Esportivo, em português) Toyota Hilux SW4 preto. Eles descem do veículo e disparam mais de 20 tiros de fuzil contra a vítima. Veja:
Quem era Ruy Ferraz
- Ruy Ferraz Fontes atuou por mais mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo era especialista na facção criminosa PCC.
- Ele iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
- Durante a vida profissional, foi delegado de Polícia Assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
- Também atuou como delegado de Polícia Titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
- Além disso, Ferraz foi delegado de Polícia Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.
- O então secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP).
- Ele ainda foi professor Assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e atou como Professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol).
- Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nessa segunda-feira.
- O policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
- Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.