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    Tropas ocidentais na Ucrânia serão “alvo legítimo”, diz Putin

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    Durante um fórum econômico em Vladivostok, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira (5/9) estar disposto a participar de uma cúpula com a Ucrânia em Moscou, e afirmou que garantirá a segurança dos representantes ucranianos. Ele alertou que qualquer tropa ocidental enviada a Kiev será considerada “alvo legítimo” pelas forças russas.

    “Se tropas forem enviadas para lá, especialmente agora, durante operações militares, partimos do princípio de que serão alvos legítimos de destruição”, disse o presidente. “E se forem tomadas decisões que levem à paz, a uma paz duradoura, então simplesmente não vejo sentido na presença delas no território da Ucrânia”, acrescentou.

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    De acordo com Putin, ainda há “muito trabalho” a ser feito antes de possíveis negociações entre Moscou e Kiev. O líder russo também afirmou que a Rússia está aberta à cooperação com os Estados Unidos no Alasca, mas que uma decisão política de Washington é necessária para a retomada das relações econômicas entre os dois países.

    “As garantias de segurança da Ucrânia podem ser fornecidas por contingentes militares estrangeiros, especialmente da Europa e da América? Evidentemente que não”, também declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, à agência oficial RIA nesta sexta-feira.

    Reunião da Coalizão de Voluntários

    Nessa quinta-feira (4/9), durante uma reunião em Paris, 26 países se comprometeram a oferecer apoio militar à Ucrânia em caso de cessar-fogo com a Rússia.

    De acordo com o presidente francês, Emmanuel Macron, a ajuda prevê a criação de uma força internacional por terra, mar e ar, que seria implementada após um cessar-fogo, um armistício ou um tratado de paz. O objetivo, diz Macron, não é iniciar uma guerra contra a Rússia, mas dissuadir o país de voltar a atacar a Ucrânia.

    O presidente francês garantiu que Alemanha, Itália e Polônia estão entre os principais apoiadores da iniciativa. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reiterou após a reunião que Roma não enviará tropas à Ucrânia. A Alemanha pretende contribuir com o reforço da defesa antiaérea ucraniana e com o fornecimento de equipamentos às forças terrestres, segundo fontes do governo.

    Apoio dos Estados Unidos

    Os Estados Unidos, no entanto, ainda não formalizaram sua contribuição, considerada essencial por diversos aliados. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou ter conversado por telefone com o presidente norte-americano, Donald Trump, sobre novas sanções contra Moscou e a proteção do espaço aéreo ucraniano contra ataques russos.

    Trump declarou na quinta-feira que pretende conversar em breve com Putin, após ter falado com Zelensky e outros líderes europeus. O porta-voz do Kremlin confirmou que esse diálogo pode ocorrer rapidamente. “Isso pode ser organizado rapidamente em caso de necessidade”, afirmou Peskov à agência RIA Novosti.

    Putin e Trump se encontraram no Alasca, nos Estados Unidos, em 15 de agosto, durante uma cúpula que encerrou o isolamento do presidente russo desde a invasão da Ucrânia, mas não resultou em um cessar-fogo nos combates.

    Suspensão de financiamento para a Rússia

    Os Estados Unidos planejam encerrar a assistência militar a países europeus próximos à Rússia, segundo informações da imprensa americana divulgadas na quinta-feira (4).

    A medida ocorre em meio à pressão do governo Trump para que a Europa assuma maior responsabilidade por sua própria defesa. De acordo com o jornal Washington Post, a decisão afetará centenas de milhões de dólares em ajuda destinada ao fortalecimento das defesas contra a Rússia.

    Segundo o Financial Times, diplomatas europeus foram informados na semana passada sobre a suspensão do financiamento de programas de treinamento e equipamento de exércitos do Leste Europeu ao longo da fronteira com a Rússia.

    Trump há muito tempo se mostra cético em relação aos gastos dos Estados Unidos com defesa na Europa e à ajuda à Ucrânia, pressionando aliados próximos de Washington a desempenhar papel mais relevante em ambos os aspectos.

    Leia a reportagem completa no RFI, parceiro do Metrópoles.