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    Turquia: reconhecimento da Palestina depende de sanções a Israel

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    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira (15/9) que o reconhecimento internacional da Palestina não terá efeito prático sem a imposição de sanções duras contra Israel. A declaração foi feita durante a cúpula emergencial da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada em Doha, no Catar, após os recentes ataques israelenses à capital catari.

    “É claro que as declarações de alguns países sobre sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina são um passo positivo. Isso deveria ter sido feito ainda antes. No entanto, tais medidas dificilmente trarão resultados a menos que sejam apoiadas por sanções concretas e severas contra Israel”, disse Erdogan.

    Líder turco acusou o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de ter como objetivo “continuar o massacre e o genocídio na Palestina”, além de arrastar toda a região para a instabilidade. Para Erdogan, Israel adota uma “mentalidade terrorista” baseada no “caos e no derramamento de sangue”, em violação direta à Carta da ONU e ao direito internacional.

    Na visão dele, a ofensiva israelense não se limita aos territórios palestinos. “Depois da Palestina, Israel atacou o Líbano, o Iêmen, o Irã e a Síria, atacou navios civis na costa da Tunísia e matou políticos e estadistas. Agora, atacou o Catar. Este ataque elevou o banditismo israelense a um novo patamar”, afirmou.

    Relação entre Turquia e Israel

    No fim de agosto, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, anunciou que o país havia suspendido por completo suas relações comerciais e logísticas com Israel.

    O chanceler afirmou que aeronaves militares e governamentais israelenses estavam proibidos de sobrevoar o espaço aéreo turco e que embarcações de Israel teriam a entrada proibida nos portos do país. A medida também veta que navios turcos atraquem em portos israelenses, consolidando o bloqueio bilateral.

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    Cúpula emergencial em Doha

    A reunião no Catar foi convocada após os bombardeios de Israel a Doha, na última semana, que, conforme o grupo Hamas, mataram cinco de seus membros. A ofensiva aumentou a pressão sobre os países árabes do Golfo, aliados dos Estados Unidos, e aprofundou o desgaste nas relações entre Emirados Árabes Unidos e Israel.

    De acordo com um rascunho de resolução obtido pela agência Reuters, os ministros das Relações Exteriores dos países participantes afirmam que “o brutal ataque israelense ao Catar e a continuação dos atos hostis de Israel, incluindo genocídio, limpeza étnica, fome, cerco e atividades colonizadoras e políticas de expansão, ameaçam as perspectivas de paz e coexistência na região”.

    O documento também alerta que tais ações colocam em risco os acordos já firmados e futuros esforços de normalização entre Israel e países árabes.

    Erdogan ressaltou que a realização da cúpula em Doha deve ser vista como uma “demonstração de apoio incondicional” ao Catar e um marco da mobilização do mundo islâmico frente ao que classificou como “banditismo israelense”.

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Benjamin Netanyahu discursando na ONUUma organização de caridade distribuiu alimentos para palestinos que enfrentam sérias dificuldades no acesso a necessidades básicas devido ao bloqueio e às operações militares contínuas de Israel na Faixa de Gaza, em 24 de julho de 2025Fechar modal.1 de 7

    Erdogan: “Turquia usa todo poder diplomático” para paz na Ucrânia

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    Recep Tayyip Erdoğan, líder turco

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    Benjamin Netanyahu fala sobre Irã

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    Benjamin Netanyahu discursando na ONU

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    Uma organização de caridade distribuiu alimentos para palestinos que enfrentam sérias dificuldades no acesso a necessidades básicas devido ao bloqueio e às operações militares contínuas de Israel na Faixa de Gaza, em 24 de julho de 2025

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    Palestinos enfrentando a fome se aglomeram enquanto uma organização de caridade distribui alimentos na área de Al-Mawasi, em Khan Yunis, Gaza, em meio às restrições israelenses contínuas que bloqueiam a chegada de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, em 24 de julho de 2025

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