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    iFood aponta assédio chinês e download de dados de 5 mil restaurantes

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    Na visão do iFood, a guerra por espaço no mercado de delivery no Brasil, o quinto maior do mundo, deixou o campo das ações judiciais por práticas anticoncorrenciais para se tornar um caso de polícia. A cúpula do aplicativo afirma que está sendo alvo de espionagem corporativa e que seus funcionários têm sido assediados por concorrentes chineses.

    Em uma dessas ações de suposta espionagem, que está sendo investigada pela Polícia Civil de Piracicaba, no interior paulista, um ex-funcionário da empresa teria baixado grande volume de documentos sensíveis da companhia, para repassar a um dos rivais do aplicativo. O material continha informações sobre cerca de 4,9 mil restaurantes, segundo o iFood.

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    Na última sexta-feira (24/10), o ex-funcionário e um sobrinho, para quem os dados também teriam sido repassados, foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela polícia de São Paulo.

    Fontes próximas ao caso, que corre em segredo de Justiça, disseram ao Metrópoles que os dados são não só volumosos, como minuciosos. Eles expõem, por exemplo, o valor das taxas cobradas pelo iFood dos restaurantes, além de informações sobre contratos. Elas afirmam, ainda, que não havia justificativa para que o ex-funcionário baixasse os arquivos da empresa porque ele trabalhava em uma área de vendas e cuidava de um grupo de 100 estabelecimentos comerciais.

    Assédios recorrentes

    A suposta espionagem teria sido descoberta depois que o iFood suspeitou que seus funcionários estavam sendo assediados de forma recorrente por concorrentes que entraram no mercado de delivery brasileiro. A partir daí, a companhia passou a utilizar um sistema que monitora a atividade dos computadores corporativos usados pelos colaboradores.

    De acordo com essas análises, o ex-funcionário investigado em Piracicaba teria recebido um e-mail, dizendo que ele havia sido indicado para uma vaga em uma concorrente. A mensagem foi recebida em 20 de agosto e, no dia 2 de setembro, ele teria compartilhado uma série de arquivos com um sobrinho e, a seguir, pediu demissão da empresa.

    Busca e apreensão

    A suspeita foi levada à polícia, que concordou com o pedido de busca e apreensão e acionou a Justiça. Na sexta-feira, o ex-funcionário do iFood foi ouvido por policiais de Piracicaba. Ele, porém, negou todas as acusações. Afirmou que é advogado e, atualmente, trabalha na 99 Food, aplicativo de delivery que começou a operar em agosto em São Paulo.

    A suposta busca de dados estratégicos e sigilosos a respeito da operação do iFood estaria sendo capitaneada consultorias localizadas principalmente em países asiáticos como a China e o Japão. As empresas oferecem valores que chegam a R$ 5,5 mil reais por hora de entrevistas. Isso seria feito para obter informações sobre números de faturamento, além de dados a respeito de precificação e modelagem de produtos, estrutura das equipes e como o aplicativo lida com os concorrentes.