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    ONU condena ações militares dos EUA no Caribe: “Inaceitáveis”

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    A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou as ações militares dos Estados Unidos contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico e afirmou que estes ataques violam o direito internacional e são “inaceitáveis”. O comunicado, emitido nesta quinta-feira (31/10), acontece após o governo norte-americano bombardear mais um navio no Pacífico, sob o pretexto de combater o narcotráfico, passando de 60 mortos desde o início da ofensiva.

    “Ataques aéreos contra embarcações no Caribe e no Pacífico, supostamente ligados ao tráfico de drogas, violam o direito internacional dos direitos humanos e são inaceitáveis”, comunicou o Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos no X.

    “As autoridades devem manter o uso de métodos de aplicação da lei bem estabelecidos para responder ao alegado tráfico ilícito, incluindo a interceptação legal de embarcações e a detenção de suspeitos de acordo com as normas penais aplicáveis”, completou.

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    Desde agosto, os EUA empreendem ofensivas navais com o suporte de caças F-35, lançando bombardeios em embarcações que estão supostamente envolvidas com o contrabando de narcóticos, o que não foi comprovado pelo governo Trump. Com a ação desta quarta-feira (29/10), são 15 embarcações bombardeadas pelos EUA em um mês, com pelo menos 61 pessoas mortas.

    Volker Türk, alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, condenou os ataques norte-americanos e, em um comunicado, acrescentou que as pessoas nas embarcações não apresentavam ameaças. Türk também enfatizou que combater o narcotráfico é uma questão de aplicação da lei, regida pelos limites rigorosos ao uso da força letal estabelecidos pelos direitos humanos.

    “Com base nas escassas informações divulgadas publicamente pelas autoridades americanas, nenhum dos indivíduos nos barcos visados ​​parecia representar uma ameaça iminente à vida de outras pessoas ou justificar o uso de força armada letal contra eles, de acordo com o direito internacional”, acrescentou.

    A série de ofensivas ocorre em meio à escalada das tensões com a Venezuela, com navios de guerra norte-americanos montando um “cerco” próximo ao país (no Caribe), sob a justificativa de combater o narcotráfico.

    Essa argumentação é usada desde o início dos ataques, quando o governo norte-americano acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel de los Soles e ordenou a mobilização naval para exterminar supostos narcotraficantes.

    Crimes graves

    Embora a ONU reconheça os desafios envolvidos para lidar com o tráfico ilícito de drogas, Volker Türk instou o governo dos EUA a respeitar o direito internacional. Türk ainda apelou às autoridades para que mantenham a utilização de métodos de aplicação da lei já consolidados para responder ao alegado narcotráfico, que os EUA usam como justificativa.

    O comissário ainda afirma que os EUA devem investigar e, se necessário, processar e punir indivíduos acusados ​​de crimes graves, isso se estiver de acordo com os princípios fundamentais do Estado de Direito. Türk pediu investigações “rápidas, independentes e transparentes” sobre esses ataques.