MAIS

    Quem eram os líderes do CV mortos na ação mais letal do país

    Por

    Rio de Janeiro — A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou que alguns dos mortos na megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha ocupavam posições de comando no Comando Vermelho (CV) em outros estados do país. As mortes reforçam a avaliação das autoridades de que o Rio se tornou, nos últimos anos, o principal polo estratégico do narcotráfico brasileiro, local onde decisões são tomadas, criminosos são treinados e faccionados de outras regiões se escondem sob proteção armada.

    Durante coletiva nesta sexta-feira (31/10), o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, informou que entre os mortos estão chefes que atuavam na linha de frente da expansão territorial do CV em estados como Pará, Amazonas, Bahia, Goiás e Espírito Santo. Segundo o balanço parcial, pelo menos 40 dos 99 mortos já identificados não eram fluminenses.

    6 imagensO secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que os dados divulgados hoje confirmam o alerta feito pela corporação há cinco anos, quando passou a denunciar que as restrições a operações policiais favoreceriam o fortalecimento do crime organizadoAo todo, 99 mortos foram identificados até o momento, sendo 40 oriundos de outros estados. Entre eles, havia líderes do CV que comandavam ações em diferentes regiões do Brasil e que, segundo a Polícia Civil, encontravam no Rio um “QG nacional” para treinamento, fuga e rearticulação de quadrilhas.O secretário de Segurança Pública, Vítor dos Santos, também participou da coletiva ao lado de representantes das forças policiais fluminensesEles destacaram que o enfrentamento ao tráfico continuará e que o número final de mortos, presos e identificados ainda pode aumentar conforme avançam as análises de laudos e registros do Instituto Médico-Legal.Para Felipe a operação mostrou que as comunidades da Penha e do Alemão se tornaram QG do CV em nível nacional. Marginais de outros estados vêm para o Rio para serem formados aqui e depois voltam para propagar os ensinamentosFechar modal.1 de 6

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro, divulgou o balanço parcial da megaoperação. Ao menos 78 dos mortos na Operação Contenção tinham ficha criminal relevante, incluindo homicídios, tráfico de drogas, roubos e ataques a policiais

    Aline Massuca/Metrópoles2 de 6

    O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que os dados divulgados hoje confirmam o alerta feito pela corporação há cinco anos, quando passou a denunciar que as restrições a operações policiais favoreceriam o fortalecimento do crime organizado

    Aline Massuca/Metrópoles3 de 6

    Ao todo, 99 mortos foram identificados até o momento, sendo 40 oriundos de outros estados. Entre eles, havia líderes do CV que comandavam ações em diferentes regiões do Brasil e que, segundo a Polícia Civil, encontravam no Rio um “QG nacional” para treinamento, fuga e rearticulação de quadrilhas.

    Aline Massuca/Metrópoles4 de 6

    O secretário de Segurança Pública, Vítor dos Santos, também participou da coletiva ao lado de representantes das forças policiais fluminenses

    Aline Massuca/Metrópoles5 de 6

    Eles destacaram que o enfrentamento ao tráfico continuará e que o número final de mortos, presos e identificados ainda pode aumentar conforme avançam as análises de laudos e registros do Instituto Médico-Legal.

    Aline Massuca/Metrópoles6 de 6

    Para Felipe a operação mostrou que as comunidades da Penha e do Alemão se tornaram QG do CV em nível nacional. Marginais de outros estados vêm para o Rio para serem formados aqui e depois voltam para propagar os ensinamentos

    Aline Massuca/Metrópoles

    Leia também

    Entre os nomes já confirmados, as investigações apontam a morte de Pepê, considerado um dos principais líderes do Comando Vermelho no Pará; Chico Rato e Gringo, ligados ao comando do tráfico em Manaus; Mazola, DG e FD, que respondiam pela estrutura da facção na Bahia; Fernando Henrique e Rodinha, com posições de chefia em Goiás; além de Russo, apontado como liderança da facção no Espírito Santo.

    Todos possuíam passagens por crimes de extrema gravidade, como homicídios de policiais, tortura e controle armado de populações inteiras. O grupo estava escondido em áreas de mata da Penha, onde mantinha base com arsenal de guerra e sistema de vigilância por drones.

    QG do crime

    A presença dessas lideranças interestaduais no Rio confirma um alerta feito pela Polícia Civil desde 2020: as comunidades da Penha e do Alemão deixaram de ser apenas redutos fluminenses do CV para se tornarem o quartel-general nacional da facção.

    Criminosos de outras regiões, especialmente aqueles que mataram agentes de segurança em seus estados, se deslocam para o Rio para obter proteção, refúgio e “moral” interna, em troca do reforço militar à facção no enfrentamento às forças de segurança.

    Felipe Curi afirmou que a operação atingiu o “núcleo duro” da facção e classificou o resultado como “histórico” no enfraquecimento do comando nacional do grupo. Apesar disso, a cúpula fluminense, incluindo Edgard Alves de Andrade, o Doca, apontado como sucessor de Marcinho VP, continua foragida.

    A Polícia Civil segue com as identificações, e o balanço final ainda pode aumentar o número de líderes mortos na ação. “Estamos falando de criminosos com atuação nacional, alguns responsáveis por ordenar assassinatos de servidores públicos. O Rio virou o centro de treinamento e comando dessas ações. Esse ciclo precisa ser quebrado”, afirmou Curi.

    A investigação seguirá para rastrear a movimentação financeira do grupo e identificar quem sucederá os chefes abatidos na megaoperação.