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    Relembre os fatos que levaram Carla Zambelli à prisão na Itália

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    Presa desde o dia 29 de julho na Itália, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pode ser extraditada para o Brasil após o Ministério Público italiano se manifestar favoravelmente ao pedido feito pelo governo brasileiro. A informação foi divulgada pela Advocacia-Geral da União, nesta quarta-feira (22/10).

    O parecer é mais um passo no processo que pode resultar no retorno da parlamentar ao Brasil para cumprir a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

    Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF, em maio deste ano, a dez anos e oito meses de prisão, além do pagamento de R$ 2 milhões em indenização solidária. A Corte entendeu que ela e o hacker Walter Delgatti Neto participaram da invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023 e da inserção de documentos falsos na plataforma.

    7 imagensCarla ZambelliA deputada Carla Zambelli (PL-SP) presta depoimento na CCJ da CâmaraDeputada federal Carla ZambelliZambelli em fórum da ItáliaDeputada federal Carla ZambelliFechar modal.1 de 7

    Carla Zambelli, presa na Itália, deletou sua conta no X após desbloqueio determinado por Moraes

    Fábio Vieira/Metrópoles2 de 7

    Carla Zambelli

    Foto: Hugo Barreto/Metrópoles3 de 7

    A deputada Carla Zambelli (PL-SP) presta depoimento na CCJ da Câmara

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    Deputada federal Carla Zambelli

    Reprodução/Youtube Câmara dos Deputados5 de 7

    Zambelli em fórum da Itália

    Cinthia Rodrigues/Metrópoles6 de 7

    Deputada federal Carla Zambelli

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    Deputada federal Carla Zambelli

    Vinícius Schmidt/Metrópoles

    A decisão também determinou que a deputada perdesse o mandato parlamentar, medida que só será efetivada após o trânsito em julgado do processo, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.

    Delgatti, responsável por executar a invasão, foi condenado a oito anos de prisão. Ele já era conhecido por envolvimento em outros episódios de acesso indevido a sistemas digitais.

    Fuga do país após condenação

    Poucos dias após a condenação, Zambelli deixou o Brasil. Ela anunciou publicamente, em 3 de junho, que havia deixado o país, mas o Metrópoles apurou que a saída ocorreu em 25 de maio, por via terrestre, na fronteira entre Foz do Iguaçu (PR) e Puerto Iguazú (Argentina). De carro, seguiu até Buenos Aires e, de lá, embarcou para outro destino fora da América do Sul.

    Embora já tivesse sido condenada pelo STF, a deputada não estava impedida de viajar, pois o Supremo havia liberado o passaporte dela e não havia restrições à circulação durante a fase recursal.

    A Procuradoria-Geral da República (PGR), contudo, pediu a prisão preventiva da parlamentar após confirmar a saída dela do país. O pedido foi acolhido pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou a inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol, usada para localizar e prender foragidos internacionais.

    Segundo a PGR, as ações da deputada e do hacker “comprometeram a segurança do Poder Judiciário e colocaram em risco a integridade dos sistemas da Justiça brasileira”.

    Prisão

    Zambelli foi presa em 29 de julho, em um apartamento em Roma, após o deputado italiano Angelo Bonelli informar a localização da parlamentar às autoridades locais.

    “Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Informei o endereço à polícia e, neste momento, os policiais estão identificando Zambelli”, escreveu Bonelli em sua conta no X (antigo Twitter).

    3 imagensDistância em linha reta do apartamento de Carla Zambelli até o Vaticano e ao ColiseuEndereço de Carla Zambelli, em Roma, na ItáliaFechar modal.1 de 3

    Deputado italiano que entregou Zambelli pedia extradição desde junho

    Reprodução/Montagem Metrópoles2 de 3

    Distância em linha reta do apartamento de Carla Zambelli até o Vaticano e ao Coliseu

    Arte Metrópoles/GoogleSreetView3 de 3

    Endereço de Carla Zambelli, em Roma, na Itália

    Google Street View

    De acordo com a Polícia Federal brasileira, a deputada não resistiu à abordagem no momento da prisão. Pouco depois, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que Zambelli se apresentou espontaneamente às autoridades italianas e deu entrada em um pedido de asilo político para tentar evitar a extradição.

    “Ela se apresentou espontaneamente às autoridades policiais na Itália para iniciar o seu pedido de asilo político, bem como de não extradição. Agora, seguirão os trâmites normais da Justiça italiana”, disse Sóstenes em vídeo.

    Leia também

    Outro processo no STF

    Além da condenação pela invasão no sistema do CNJ, Carla Zambelli tem outra condenação no Supremo.

    Em agosto, a deputada recebeu pena de 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. A parlamentar perseguiu, armada, o jornalista Luan Araújo, apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    O episódio ocorreu em outubro de 2022, um dia antes do segundo turno das eleições, nas ruas do bairro Jardins, em São Paulo. A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e aceita pelo STF em agosto de 2023.

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    Carla Zambelli aponta arma a apoiador de Lula em São Paulo

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    Reprodução

    Além da pena, o STF impôs multa equivalente a 400 salários-mínimos da época, corrigida monetariamente, e determinou a perda do mandato parlamentar após o trânsito em julgado da sentença, quando não houver mais possibilidade de recurso.