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    “Ainda estamos fazendo pouco”, diz Galípolo sobre igualdade racial

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    O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, fugiu um pouco do roteiro tradicional de comentários sobre taxa de juros ou inflação, nesta segunda-feira (17/11), ao participar, em São Paulo, de um evento que discutiu a busca pela igualdade racial no Brasil.

    O chefe da autoridade monetária destacou alguns avanços recentes no tema, inclusive com a nomeação do primeiro diretor negro do BC, em 2023, mas reconheceu que ainda é “pouco” diante do que precisa ser feito para que o país alcance, efetivamente, a equidade de oportunidades entre brancos e negros.

    “Nossos concursos, ainda escassos em relação ao que deveriam ser, passaram a incluir entre as condições políticas de diversidade. Nós criamos o primeiro grupo de diversidade e temos o primeiro diretor negro do BC. Mas não posso ser hipócrita aqui e esconder a sensação de que ainda estamos fazendo muito pouco diante do que precisa ser feito”, afirmou Galípolo, ​que proferiu uma palestra no Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, promovido pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, na capital paulista.

    O evento, que prossegue na terça-feira (18/11), ocorreu na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista.

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    Segundo o presidente do BC, a diversidade da população brasileira precisa ser “aproveitada” como um fator que traga vantagens competitivas ao país no cenário econômico global.

    O primeiro diretor negro da autoridade monetária, Ailton de Aquino Santos, foi nomeado em 2023 para a Diretoria de Fiscalização. No último concurso do BC, no ano passado, 20% das vagas foram reservadas para candidatos que se autodeclararam pretos ou pardos.

    Neste ano, o BC formou um Grupo de Trabalho Interdepartamental (GTI) Diversidade, que tem o objetivo de elaborar estudos técnicos e propostas destinadas à promoção da diversidade e da inclusão no âmbito da autoridade monetária.

    “O Brasil deve aproveitar sua diversidade como vantagem competitiva. É um bônus que a sociedade brasileira tem”, defendeu Galípolo.

    Para o chefe do BC, o “ponto de partida” de cada pessoa não determina necessariamente seu destino, mas condiciona sua trajetória. Ele disse ainda que o racismo estrutural e a desigualdade social são grandes obstáculos ao desenvolvimento econômico do país. “É um caminho que estamos tentando superar”, concluiu.