Além de grandes polinizadoras, as abelhas podem ser mais espertas do que se imaginava. Pela primeira vez, pesquisadores identificaram que exemplares Bombus terrestris são capazes de achar alimentos baseados em estímulos visuais. A espécie é encontrada na Europa, Ásia, África e América do Norte.
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A descoberta aconteceu após as abelhas serem treinadas em código morse, através de distinção de padrões de luz. O estudo liderado por cientistas da Queen Mary University de Londres, no Reino Unido, foi publicado nesta quarta-feira (12/11) na revista científica Biology Letters.
A investigação foi realizada com zangões – macho da abelha – e mostra como eles são capazes de processar informações temporais, um atributo imprescindível para a sobrevivência na natureza.
“Queríamos descobrir se os zangões conseguiam aprender a diferença entre essas diferentes durações e foi muito emocionante vê-los fazer isso”, relata o autor principal do estudo, Alex Davidson, em comunicado.
Testes nas abelhas
Para testar a habilidade nos insetos, eles foram colocados em uma caixa e tinham que diferenciar padrões de luz – um por um período mais longo e outro mais curto. Foram realizados dois experimentos com diferentes tempos de exposição: no primeiro, a luminosidade pulsava por cinco segundos e depois por um segundo, enquanto no outro a luz durava 2,5 segundos e, em seguida, meio segundo.
Em uma das etapas, as abelhas ganhavam uma recompensa açucarada. Já na outra, elas eram “presenteadas” com quinina, uma substância amarga pouco agradável ao paladar do animal. Os estímulos luminosos e os sinais recompensativos eram variados entre os diferentes grupos de Bombus terrestris.

Após aprenderem qual duração estava associada ao açúcar e a quinina, os animais foram posicionados em um labirinto em busca da recompensa açucarada. Para passar de fase, os zangões tinham que acertar 15 palpites de 20 tentativas.
Em busca da garantia de que eles não estavam apenas sentindo o cheiro de açúcar ou utilizando outras artimanhas, os pesquisadores retiraram a recompensa do circuito. Mesmo sem o agrado, a maioria das abelhas escolheu o padrão de tempo ligado ao presente açucarado, indicando que elas foram capazes de diferenciar os flashes de longa e curta duração.
No entanto, ainda não está claro qual o mecanismo utilizado pelos zangões para codificar e processar as informações visuais. Novos estudos deverão ser realizados futuramente.
“Como as abelhas não encontram estímulos luminosos intermitentes em seu ambiente natural, é notável que elas consigam realizar essa tarefa com sucesso. O fato de elas conseguirem rastrear a duração dos estímulos visuais pode sugerir uma extensão de uma capacidade de processamento temporal que evoluiu para diferentes propósitos, como acompanhar o movimento no espaço ou a comunicação”, finaliza Davidson.
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