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    Cães policiais: conheça a tropa K9, os heróis de quatro patas da PCDF

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    Orelhas atentas, patas ágeis e um faro que não falha. Sem se paramentar com fardas camufladas nem armas, eles fazem um trabalho impecável como cães policiais. Estamos falando dos nove doguinhos que integram a tropa de quatro patas do K9, o canil da Polícia Civil do Distrito Federal e um recurso especial da Divisão de Operações Especiais (DOE), chefiada por Edson Medina desde 2019.
    
    Com instinto aflorado, eles farejam drogas, armas e munições, desvendando pistas em lugares que, na maioria das vezes, os olhos humanos não conseguem enxergar. Apesar de receberem o título de policiais — e trabalharem conforme manda a função —, eles encaram tudo como uma grande brincadeira: o principal objetivo, no fim das contas, é ganhar a bolinha de tênis lançada sempre que a tarefa é cumprida.

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    Iniciado no Distrito Federal há cerca de dez anos, o trabalho com cães se tornou essencial nas operações deflagradas pelos investigadores. Somente neste ano, eles participaram de 465 buscas policiais.

    6 imagensNo fim das contas, o que realmente importa para os cães policiais é a bolinhaKali é uma pastora malinoisBlack é um pastor alemãoO K9 foi fundado em 2014A equipe do canil conta com oito integrantesFechar modal.1 de 6

    Urus é um pastor malinois

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo2 de 6

    No fim das contas, o que realmente importa para os cães policiais é a bolinha

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    Kali é uma pastora malinois

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    Black é um pastor alemão

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    O K9 foi fundado em 2014

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    A equipe do canil conta com oito integrantes

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

    Como são escolhidos

    Ser um cão policial não é tarefa para qualquer cachorro. Segundo Sanlac Machado, agente de polícia que atua no canil desde 2014, quando a sede foi entregue, o processo de seleção dos animais que atuarão ao lado dos investigadores de operações especiais começa logo nas primeiras semanas de vida.

    Assim como ocorre nas compras de viaturas e equipamentos usados no núcleo policial, os cães também chegam ao canil da PCDF por meio de um processo de licitação, firmado com instituições especializadas que já mantêm parceria com a polícia. “A gente determina idade, raça e exige um treinamento básico já feito”, apontou Ricardo Textor, agente de polícia que também atua no canil.

    Quando são entregues à corporação, já adultos — com cerca de um ano de idade —, os cães já vêm familiarizados com o ambiente, mas é aí que começa a rotina de estudos para que possam se graduar e, finalmente, ir às ruas.

    “Eles vêm com o treinamento básico de associação a odores e, quando chegam aqui (no canil), passam por um processo de carga de trabalho, que é basicamente tirá-los do primeiro treinamento e apresentar o mundo operacional. Isso envolve um processo que dura em torno de um ano de dedicação para que estejam confiáveis”, explicou.

    Os policiais reforçam que há diversos fatores a serem analisados ao avaliar se um cão está preparado para executar a função de policial. Os ambientes percorridos por eles são densos e repletos de distrações, como matas fechadas, rodoviárias com grande fluxo de pessoas e estruturas apertadas, que apresentam obstáculos para os animais.

    “São locais muito complicados, então esses cães têm que estar muito bem associados a esse tipo de situação e manter o foco total na missão. Para isso, há um processo seletivo bem apurado desses indivíduos.”

    Quando cita o processo seletivo, o policial se refere, também, às raças que apresentam maior probabilidade de executar bem a função.

    Atualmente, nove cães vivem no canil da PCDF. São eles:

    • Duque – Pastor alemão macho – 7 anos
    • Black – Pastor alemão macho – 6 anos
    • Jimmy – sem informações
    • Urus – Pastor malinois macho – 5 anos
    • Yankee – Pastor alemão macho – 5 anos
    • Ozzy – Labrador mix macho – 5 anos
    • Kali – Pastor malinois fêmea – 5 anos
    • Dom – Pastor alemão macho – 4 anos
    • Alfa – Pastor malinois fêmea – 5 anos

    No K9, os cães trabalham no formato “binômio”. Conforme Textor explicou à reportagem, esse modelo refere-se ao fato de o cão trabalhar sempre em dupla com um humano. Essa parceria é fixa. Logo que chegam ao canil, eles são “adotados” por um dos operadores, que fica responsável por monitorar cada passo do bicho.

    “Isso faz com que o operador conheça intimamente o seu cão e as mudanças de comportamento dele. Esse operador sabe os pontos em que precisa ter mais cuidado com o cão, por ele poder sentir algo, ou quando precisa manter o cão na guia porque ele não vai trabalhar solto.”

    Os policiais destacam que esse formato é importante para que o trabalho tenha êxito, uma vez que, conhecendo o cão de forma íntima, o policial percebe, inclusive, quando ele não quer trabalhar, o que pode ser sinal de cansaço ou doença.

    2 imagensEles integram a equipe da DOEFechar modal.1 de 2

    Os nove cães vivem no canil

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    Eles integram a equipe da DOE

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

    Uma brincadeira saudável

    Todos os cães vivem no canil. Eles comem duas vezes ao dia e têm os chamados momentos de “liberdade”, quando ficam soltos para fazer suas necessidades fisiológicas. Quando não estão no expediente de treinos, que geralmente ocorre entre 12h e 19h, recebem muito carinho e atenção da equipe.

    Além dos oito operadores, o K9 também conta com o apoio de dois tratadores, que cuidam da higiene dos animais, alimentação e dão suporte técnico quando os operadores estão ausentes. Um deles também atua como adestrador e auxilia no treino dos cães.

    Uma das policiais é formada em medicina veterinária e também auxilia nos cuidados com os animais.

    Por mais que, para os humanos, todas as ações sejam taxadas como “trabalho”, os operadores garantem que, para os bichos, tudo não passa de uma grande brincadeira.

    “Depois de um tempo, quando o cão entende o contexto de busca, ele deixa de procurar apenas a bolinha. A busca em si se transforma em um reforçador. O cão tem uma liberação grande de dopamina, que é um neurotransmissor associado ao prazer e à expectativa, então a vontade de localizar aquilo que ele sabe que traz a bola é mais reforçadora do que a própria bola. Por isso, eles trabalham com tanta intensidade e vontade”, completou Textor.

    Operações marcantes

    Todo o trabalho realizado pelos cães tem resultados impecáveis, conforme apontam os operadores. No entanto, alguns episódios chamaram mais atenção pelas descobertas curiosas e pela importância do auxílio dos cães nas operações especiais.

    Certa vez, um deles encontrou uma quantia de droga que havia sido enterrada dentro de um galinheiro, nos fundos do quintal de uma chácara localizada em uma área extensa.

    Em outra ocasião, um cão farejou substâncias ilícitas sintéticas que estavam escondidas em um cofre de ferro acoplado dentro de uma parede de concreto e disfarçado com uma tampa de tomada.

    Em um terceiro caso, a droga foi encontrada dentro de uma encomenda que seria enviada via postal. A substância estava em meio a mais de mil caixas, mas o cachorro a encontrou.