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    Carnaval: SP avalia migrar blocos de rua para a Marginal Pinheiros

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    Vários dos maiores blocos do Carnaval de rua de São Paulo podem ser obrigados a sair dos seus pontos tradicionais em Pinheiros e Vila Madalena para desfilar na pista local da Marginal Pinheiros no ano que vem, para reduzir o impacto no trânsito. A proposta, que inclui a proibição de blocos no chamado Baixo Pinheiros, foi apresentada pela Polícia Militar e está na mesa da comissão que organiza o carnaval de rua na prefeitura de São Paulo.

    Em documento assinado pelo comandente do 23º Batalhão, a PM paulista argumenta que a migração dos blocos da avenida Faria Lima e da Rua Henrique Schaumann para a pista local da marginal, entre a ponte Eusébio Matoso e a ponte Cidade Universitária, fará com que o público ganhe um “espaço mais seguro, organizado e de fácil acesso”.

    “A possibilidade de assistir a múltiplos blocos de grande porte em um único dia e local, sem a necessidade de deslocamentos complexos, eleva a qualidade da experiência do Carnaval para o cidadão”, argumenta a PM, detalhando que os blocos desfilariam entre a rua do Semidouro e a praça Silveira Santos, em um trecho de três quarteirões.

    A proposta enviada à prefeitura é chancelada por cartas assinadas por diversas entidades de moradores e comerciantes, de Pinheiros e de áreas que não são diratemente impactadas, como o condomínio fechado City Boaçava, em frente ao Parque Villa Lobos.

    A coluna apurou que a ideia partiu do tenente coronel Marcelo Vinicius Costa Rezende, comandante do 23º Batalhão (e árbitro olímpico de taekwondo), que solicitou que essas entidades endossassem a proposta. Coletivos que há anos pleiteiam melhorias no carnaval de Pinheiros passsaram a formalmente defender o fim radical da folia no bairro, transferida para a marginal.

    Entre os endossos aparece carta da distrital Pinheiros da Associação Comercial, que alega que o carnaval de Pinheiros “tem causado considerável impacto no trânsito local e no cotidiano de moradores e trabalhadores da região” e que a mudança para a marginal causaria “menos prejuízo à rotina da cidade”.

    Homens da polícia militar andam de costas em meio a bloco de carnaval.Policias em bloco de carnaval em São Paulo

    Em sua carta, o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Pinheiros propõe que sejam proibidos blocos também na Rua dos Pinheiros, com a justificativa de que o bloqueio dessa via “sufoca a circulação interna dos bairros”.

    No ofício enviado à comissão organizadora do carnaval, a PM também pede que seja proibido o desfile de blocos na região do Baixo Pinheiros (Rua Vupabussu, Ferreira de Araújo, Padre de Carvalho, Fernão Dias, Costa Carvalho, etc.) porque a combinação de desfiles com o comércio local de bares causa “grande desordem, impacto no trânsito, perturbação do sossego público aos residentes e extrema dificuldade de dispersão e limpeza.”

    A Faria Lima é um local simbólico para o carnaval paulistano, desde os anos 1990, quando recebia o “Pholia Faria Lima”. Na última década, o carnaval de rua se tornou um dos principais do país, injetando R$ 3,4 bilhões na economia da cidade (de acordo com a prefeitura), muito por conta de blocos que desfilam nos corredores da Faria Lima, da Henrique Schaumann e da Rua dos Pinheiros, como Casa Comigo, Bangalafumenga e Confraria do Pasmado.

    Na Câmara Municipal, já tramita, protocolada pelos vereadores Sonaira Fernandes (PL), Lucas Pavanato (PL) e André Santos (Republicanos), proposta para proibir blocos de carnaval a menos de 1km de hospitais, unidades básicas de saúde, templos religiosos, asilos e instituições educacionais. Na prática, isso proibiria blocos na cidade toda.

    7 imagensDesfile do bloco Desculpa Qualquer Coisa na Rua Augusta, região central de São PauloFechar modal.1 de 7

    Imagem aérea de bloco de rua no Ibirapuera em 2023

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    Desfile do bloco Desculpa Qualquer Coisa na Rua Augusta, região central de São Paulo

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    Entrada para o desfile de bloco de Carnaval de rua na capital paulista

    Fábio Vieira/ Metrópoles

    Questionada sobre o ofício da PM, a prefeitura de São Paulo enviou a seguinte nota: “A São Paulo Turismo (SPTuris) informa que a Comissão Especial de Organização do Carnaval de Rua de 2026 está em fase de avaliação, análise e validação dos trajetos dos blocos inscritos”. A coluna também procurou representantes do Fórum dos Blocos, que optaram por não comentar.