Um estudo do site Projeto Brief, publicado nessa quinta-feira (6/11), mostra que a Meta, companhia norte-americana de Mark Zuckerberg, lucra no Brasil com golpes que atingem famílias de baixa renda e beneficiários de programas sociais, principalmente o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Redes sociais da empresa, como Facebook, Instagram e WhatsApp, têm sido ambiente frequente para fraudes.
O levantamento faz parte da iniciativa Quem Paga a Banda, que produz relatórios mensais de análise das estratégias de publicidade. A pesquisa demonstra que a circulação de propagandas enganosas é deliberada entre os conteúdos publicados nas plataformas.
Em setembro deste ano, os pesquisadores identificaram 16 mil publicidades ativas na Biblioteca de Anúncios da Meta que mencionavam a palavra “empréstimo”, das quais 52% apresentavam indícios de fraude e 9% eram golpes confirmados.
Tipos de golpes aplicados nas redes sociais
- Consignados e empréstimos falsos: anúncios prometem crédito fácil.
- “Bolsa Família”: golpes prometem novos benefícios e coletam dados pessoais ou cobram taxas inexistentes.
- “BPC”: páginas falsas se passam até por escritórios de advocacia para enganar idosos e pessoas com deficiência.
- As campanhas fraudulentas exibem mensagens como “empréstimos com garantia de veículo” ou “parcelas em até 36x”.
- Criminosos usam imagens criadas por inteligência artificial (IA) e logos de bancos reais.
- Golpistas publicam anúncios que adotam linguagem que dialoga diretamente com a realidade vulnerável de quem passa por dificuldades financeiras.
- Conforme a apuração da pesquisa, os anúncios direcionam o usuário para conversas via WhatsApp.
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Os anúncios incluem imagens geradas por inteligência artificial, assim como logos de bancos reais, como Nubank e C6 Bank
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Os golpes aplicados via redes da Meta atingem beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família
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Criminoso também tentam aplicar fraudes on-line por meio do BPC, benefício pago a idosos e pessoas com deficiência
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Entre os anúncios, estão diversas ofertas de crédito fácil, rápido e sem burocracia, com atendimento “sem consulta ao SPC”
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Lucro da Meta
O estudo aponta que o próprio modelo publicitário da Meta estimula o ecossistema fraudulento. “O crime opera às claras, sob a vista da própria empresa, que pouco faz para conter esse mercado ilegal, afinal, ele rende bilhões: em 2024, 97,6% da receita da empresa vieram de publicidade, segundo relatório oficial”, apontou o Projeto Brief.
Os anúncios são aprovados automaticamente, sem checagem efetiva de quem administra as redes sociais. Além disso, as políticas da empresa transferem a responsabilidade ao anunciante. Ainda de acordo com o levantamento, a moderação lenta da Meta permite que perfis criminosos voltem a operar com novos nomes e CNPJs.
Procurada pelo Metrópoles, a Meta não se pronunciou sobre os golpes aplicados em redes da empresa até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
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Prevenção a fraudes on-line
O estudo recomenda formas de não cair em golpes. Entre as principais medidas, está a adoção de uma postura de desconfiança diante de promessas fáceis e urgentes. É importante sempre verificar quem está por trás do anúncio: evite perfis novos, sem selo de verificação ou que direcionem para conversas no WhatsApp.
“Empresas legítimas usam contas comerciais verificadas, com um selo azul ao lado do nome. Se o perfil não tem o selo, ou o número não aparece como conta empresarial, desconfie”, sugeriu o Projeto Brief.
Os pesquisadores também destacam que nenhuma instituição séria solicita senhas, códigos ou documentos por mensagem, e benefícios do governo nunca são oferecidos por redes sociais. Antes de acreditar em qualquer oferta, o ideal é confirmar as informações diretamente em canais oficiais.
